
Quando se é jovem muita coisa é adiada, deixada em um canto para ser pensada depois,
inclusive pensar seriamente em nossos relacionamentos.
Não nos atemos que os homens são educados pela Playboy (peitos, bundas, pornografia) e
nós, meninas, moldadas, estragadas pelos contos da Disney (contos de fadas, príncipes encantados, cavalos branco).
Lembro-me de meus pais me aconselhando quanto namoro: esse
cara não é para você, vocês não tem nada a ver um com o outro, preste atenção
nessa história de casamento, isso tudo é muito sério, mas, a gente, adestradas
com aquelas histórias do “Felizes para Sempre” insiste, achando que o amor muda
tudo, inclusive caráter e mentalidade, a gente insiste, achando que amando
pelos dois tudo dará certo, a gente insiste, achando que tolerância, paciência
não faz parte do vocabulário de quem ama, afinal, o amor derruba barreiras, se
vive de amor, se respira amor.
Um dia, após muitas lágrimas e raiva por se sentir
injustiçada pela vida, afinal, você só errara ao amar demais, você descobre que
a dose de tolerância, paciência precisa ser tão alta quanto o amor que você
julgava sentir. Depois de um tempo, que pode ser um tempo curto ou um tempo
longo, você descobre que estava errada, mas, aí você já está envolvida em
projetos de vida que não podem ser abandonados do dia para a noite, você
descobre que não é possível recomeçar do zero, pois, muita coisa fora
acrescentada e muita coisa depende de reflexão séria, logo você, que achava que
amor não se pode ser pensado, apenas sentido. Depois de um tempo você percebe
que tem somente duas alternativas, ou se anula, ou se joga, e, descobre também
que se anular é muito mais fácil.
E a vida segue em frente, e você vivendo mais ou menos,
sorrindo mais ou menos, vivenciando as coisas mais ou menos, beijando mais ou
menos, transando mais ou menos (já não há clima para o fazer amor), cada vez
menos, pois, o mais, é difícil de se alcançar. Assim como o jogar-se
corajosamente na vida ou anular-se, escolher o menos é muito mais cômodo, e
assim os dias vão se arrastando, sem brilho, tudo dentro do limite, o limite
que você inventara para não se jogar, para não pular fora, aquele limite que
você mostra socialmente que tudo é lindo, perfeito, enquanto por dentro um
vulcão procura fendas para a erupção.
A gente procura se agarrar em razões: os filhos (quem os tem
entende a responsabilidade que, às vezes, colocamos nesses em relação a nossa
falta de atitude, fraquezas, covardia) a casa, os pais, os amigos, a sociedade
(quem não gosta de ver família “feliz”?). O tempo passa implacável, suas razões
para esse é mero acessório, ele não para, não presta atenção no quanto você
está perdendo ao adiar decisões.
Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão, mas,
eu jurava que eram, e moldava cavalos branco, príncipes encantados, nuvem por
nuvem eu montara um castelo, que um dia, de repente, o forte vento destruíra.
Começa-se ai a pagar um preço meio alto pelo anular-se, o
corpo inquieta, a mente aquece com pensamentos que você insiste em tentar
dissipar, e tenta, a todo custo, acreditar que tudo um dia vai voltar a ser
como antes, e, você enfim, viverá feliz para sempre.
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