20 de maio de 2013

CASTELOS DE AREIA.


Na minha adolescência (que estava bem ali, rss) eu assistia aulas de Matemática ouvindo Legião Urbana e Engenheiros do Hawai. Como era uma classe com poucos alunos, éramos comportados, o professor
deixava a gente ouvir música durante a aula (privilégio para poucos ter a junção de música com raciocínio, deve ser por isso que o meu ficara lesado, rss). Entre as músicas dos Engenheiros uma sempre me marcara: Somos quem podemos ser. A frase: um dia me disseram, que as nuvens não eram de algodão, hoje faz muito sentido em minha caminhada, sentido que talvez, lá atrás, não fizera por eu não estar preocupada com muitas coisas, eu só ouvia, não remoía.
Quando se é jovem muita coisa é adiada, deixada em um canto para ser pensada depois, inclusive pensar seriamente em nossos relacionamentos.
Não nos atemos que os homens são educados pela Playboy (peitos, bundas, pornografia) e nós, meninas, moldadas, estragadas pelos contos da Disney (contos de fadas, príncipes encantados, cavalos branco).
Lembro-me de meus pais me aconselhando quanto namoro: esse cara não é para você, vocês não tem nada a ver um com o outro, preste atenção nessa história de casamento, isso tudo é muito sério, mas, a gente, adestradas com aquelas histórias do “Felizes para Sempre” insiste, achando que o amor muda tudo, inclusive caráter e mentalidade, a gente insiste, achando que amando pelos dois tudo dará certo, a gente insiste, achando que tolerância, paciência não faz parte do vocabulário de quem ama, afinal, o amor derruba barreiras, se vive de amor, se respira amor.
Um dia, após muitas lágrimas e raiva por se sentir injustiçada pela vida, afinal, você só errara ao amar demais, você descobre que a dose de tolerância, paciência precisa ser tão alta quanto o amor que você julgava sentir. Depois de um tempo, que pode ser um tempo curto ou um tempo longo, você descobre que estava errada, mas, aí você já está envolvida em projetos de vida que não podem ser abandonados do dia para a noite, você descobre que não é possível recomeçar do zero, pois, muita coisa fora acrescentada e muita coisa depende de reflexão séria, logo você, que achava que amor não se pode ser pensado, apenas sentido. Depois de um tempo você percebe que tem somente duas alternativas, ou se anula, ou se joga, e, descobre também que se anular é muito mais fácil.
E a vida segue em frente, e você vivendo mais ou menos, sorrindo mais ou menos, vivenciando as coisas mais ou menos, beijando mais ou menos, transando mais ou menos (já não há clima para o fazer amor), cada vez menos, pois, o mais, é difícil de se alcançar. Assim como o jogar-se corajosamente na vida ou anular-se, escolher o menos é muito mais cômodo, e assim os dias vão se arrastando, sem brilho, tudo dentro do limite, o limite que você inventara para não se jogar, para não pular fora, aquele limite que você mostra socialmente que tudo é lindo, perfeito, enquanto por dentro um vulcão procura fendas para a erupção.
A gente procura se agarrar em razões: os filhos (quem os tem entende a responsabilidade que, às vezes, colocamos nesses em relação a nossa falta de atitude, fraquezas, covardia) a casa, os pais, os amigos, a sociedade (quem não gosta de ver família “feliz”?). O tempo passa implacável, suas razões para esse é mero acessório, ele não para, não presta atenção no quanto você está perdendo ao adiar decisões.
Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão, mas, eu jurava que eram, e moldava cavalos branco, príncipes encantados, nuvem por nuvem eu montara um castelo, que um dia, de repente, o forte vento destruíra.
Começa-se ai a pagar um preço meio alto pelo anular-se, o corpo inquieta, a mente aquece com pensamentos que você insiste em tentar dissipar, e tenta, a todo custo, acreditar que tudo um dia vai voltar a ser como antes, e, você enfim, viverá feliz para sempre.




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