Um artigo no site uol hoje me chamou à atenção.
Uma blogueira do site narra um fato que vem acontecendo na Rússia (artigo completo no link no fim do post) onde virou “moda” algumas mulheres contratarem serviços, de preferência de ex-soldados, para exercerem a “escassa” figura paterna.
Não vou me ater aos detalhes porque disponibilizo o link e vocês podem ler o artigo na íntegra, o que me levou a comentar o artigo é o teor do tema: aluga-se pai. Esse tema está carregado de significados, tanto históricos quanto sociais, culturais.
A primeira reação que tive ao ter contato com o texto foi de perplexidade social (ex: nossaaaa, a que ponto chegamos). Depois de reler o artigo, eu continuei com a perplexidade social (ex: noooooossa, a que ponto chegamos).
Não é de hoje que temos contato com novas estruturas familiares, e desestruturas também, que, aliás, de tanto se desestruturarem perderam a qualificação. Hoje, uma família é funcional (óbvio, quando funciona, ou seja, pai e mãe, ou responsáveis, dão conta do recado, sabem de suas obrigações de criar, assistir e educar como estabelece as leis e os “contratos” sociais) ou disfuncional (quando os pais, ou responsáveis, não dão conta do recado, por Ns (lê-se enes) motivos, de criar, educar e assistir seus filhos e a si mesmos, precisando da intervenção do estado, com suas políticas públicas para manterem, ou tentarem manter, uma vida “digna”) (chique né? Um loooooosho como diz uma blogueira do Blog Mulherão).
Não é novidade o fato de muitas mulheres serem pais e mães de seus filhos, assim como não é novo que temos outras estruturas de famílias (filhos adotivos, avós criando netos, filhos adotados por casais homo, etc) mas, alugar uma pessoa para se passar por alguém próximo, mexer com os sentimentos de uma criança, colocando um estranho dentro de casa para “fingir” ser pai de uma criança, é, no mínimo, muito estranho.
Assuntos como esse devem ser visto amplamente porque há possibilidades de leitura social, cultural, política, histórica, antropológica etc. mas, não deixa de soar estranho.
Um amigo está pensando em um projeto social em que se "trabalham" os pais. Não sei qual a idéia inicial dele. Eu conheço um projeto desses em que pais são orientados em como educar, onde procurar ajuda quando não sabem como proceder com os filhos quando esses, por exemplo, se envolvem em atos infracionais, não possuem motivação para a vida escolar, etc. Vou sugerir a ele que ao invés desse projeto, que saliento ser social, que ele monte uma agência para preparar pais para aluguel, será lucrativo.
Não nos iludamos em achar que esse problema, o de terceirizar a educação dos filhos, seja um problema “ Russiano”. Temos inúmeros casos no Brasil em que a família delega os deveres de cuidar, educar os filhos a outros, porém, mentir para a criança que aquela pessoa é uma pessoa que não é, dizer que aquela figura masculina presente na sua casa, ressaltando, bem paga para estar dentro de sua casa, é o pai que a criança precisa, sabendo de antemão que aquela “figura” paterna tem prazo contratual que não envolve sentimentos em suas cláusulas é, no mínimo, cruel. E pensar que o "contrato" é feito em nome do amor.
Alguma coisa precisa acontecer urgente no mundo para que possamos voltar a nossa racionalidade. A tecnologia, a vontade de adquirir coisas materiais, a falta de tempo para amar, para cuidar, a individualidade e egocentrismo desenfreados, estão nos bestializando (que me perdoem as bestas).
Achamos normal colocar coleira nos nossos filhos (sim, isso existe, procura aí no tio google), pagar alguém para fingir ser pai dos nossos filhos, achamos normal delegar a terceiros o amor, o educar dos nossos filhos, achamos normal jogar crianças na caçamba de lixo, nos lixos de hospitais, etc. assim caminha a humanidade.
AQUI* http://viva.mulher.blog.uol.com.br/arch2011-05-16_2011-05-31.html#2011_05-30_14_07_19-132652156-0
crédito das imagens: tio google.
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