16 de maio de 2013

VOCÊ NÃO É IMPORTANTE.


Há um poema de Fernando Pessoa, ou Alberto Caieiro, que são as mesmas pessoas, Pessoa gostava de usar pseudônimos, que me intriga muito. O poema é: Quando vier a Primavera. É um texto bonito, mas, tão cru em sua verdade que causa calafrios na alma por fazer-nos ver o quão desnecessários somos.
Quando vier a Primavera,  Se eu já estiver morto, As flores florirão da mesma maneira,  E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada. A realidade não precisa de mim. Sinto uma alegria enorme ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma” (o texto original está assim, com letras maiúsculas após as vírgulas).
Quando paramos para pensar na vida a gente percebe que é exatamente assim: passaremos e tudo continuará como sempre foi, ou com as mudanças que precisam necessárias, de forma natural ou pela ação do homem, mas, continuará independente de nossa presença e, isso, causa desânimo, saber que somos desnecessários no curso natural da vida, portanto vem o questionamento: o que é isso aqui?
A gente corre, a gente luta, a gente sonha, a gente chora, se apaixona, se decepciona, amamos e não somos correspondidos, e, tudo isso para se descobrir que um dia tudo correrá sem você, naturalmente.
Diante disso não seria natural mergulhamos de cabeça na vida e aproveitar tudo do que podemos? Ou o natural é acumular riquezas que não nos salvarão, ter vontade do beijo não dado, se arrepender do amor não vivido, sofrer por coisas que não acontecerão, ou acontecerão?
Não devíamos ser mais leves, mais livres, mais humanos?
Qual o sentido de tantas preocupações, depressão, choros, dores, raiva, se, isso não mudará o curso do universo?
Gosto de pessoas leves, pessoas de alma bonita, mas, às vezes, tenho a impressão que sou a única pessoa no mundo que ainda tenta preservar a essência humana, a vontade de querer ficar perto de almas humanas. Não entendo o porquê de se querer ser outra coisa já que tudo é efêmero, e, como mostra o poema, em vão, pelo menos nesse plano da vida. Nada se leva, tudo fica, portanto, seria natural Viver enquanto aqui estamos, mas, nada pode, tudo tem regras, tudo se esbarra nos direitos e deveres, e assim a vida se escorre pelas mãos, para se chegar no fim e descobrir que não faremos nenhuma falta para essa parte do universo.
Sei que ultimamente ando visceral, mas, é que eu quero entender.

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