25 de abril de 2013

VAMOS COMER NOSSAS CRIANÇAS.


Como a maioria dos meus amigos sabem eu cursei Letras. Como cursei português/inglês, logo me depararia com a literatura e cultura inglesa e norte americana. Foi ai que me deparei com Jonathan Switf 
(BIOGRAFIA) um escritor irlandês.O que Jonathan tem a ver com o tema do texto? Calma. A pressa é inimiga da perfeição.
Com os problemas sociais na Irlanda em meados de 1700, Jonathan, um homem culto, crítico, que tivera a oportunidade de estudar, morar em outros países, faz uma proposta “fantástica” para seus governantes para que se excluísse o problema da pobreza, da mendicância, da fome. Propôs que comessem as crianças.
A partir desse ponto apresento algumas partes do texto de Jonathan, que vem de encontro com as discussões que temos hoje no nosso país, apesar da distância das datas, três séculos, sobre o que fazermos com os adolescentes infratores, filhos de pobres, favelados, marginalizados (TEXTO NA ÍNTEGRA)
“Fui informado por fonte segura de que uma criança recém-nascida, podendo pesar 12 libras, dentro de um ano, se convenientemente nutrida, aumentará para 28 libras. 
Admito que esse alimento será caro, e portanto adequado aos proprietários, os quais, já tendo devorado os pais, parecem ter todo o direito de fazer o mesmo com os filhos.
A carne das crianças será de época durante todo o ano, mas mais abundantemente em março, e um pouco antes e depois, pois somos instruídos por um grave autor e eminente médico francês de que, sendo os peixes uma dieta prolífica, há mais crianças nascendo nos nove meses posteriores à Quaresma. Os mercados estarão mais abarrotados do que de costume, devido a que o número de crianças católicas alcança pelo menos três por um neste reino, o que leva a supor uma outra vantagem adicional, que é a diminuição do numero de papistas entre nós.
Já computei os custos de nutrição de uma cria de mendigo (em cuja lista incluo todos os aldeões, trabalhadores braçais e quatro quintos dos roceiros) como orçando em torno de dois xelins por ano, farrapos incluídos; e acredito que nenhum cavalheiro se queixaria de dar dez xelins pela carcaça de uma boa criança gorda, a qual, como já disse, fornecerá quatro pratos de carne excelente e nutritiva, quando ele tiver apenas algum amigo pessoal ou sua própria família para jantar. Então o proprietário aprenderá a ser um bom patrão e ganhará popularidade entre seus peões, a mãe açambarcará oito xelins de lucro líquido e estará em condições de trabalhar até produzir outro filho.
Aqueles que são mais econômicos (como, devo confessar, estes tempos andam a pedir) poderão esfolar a carcaça, cuja pele, adequadamente curtida, proporcionará luvas admiráveis para as senhoras e botas de verão para os cavalheiros.
Quanto à nossa cidade de Dublin, açougues especiais podem ser designados para esse propósito, nas partes mais convenientes da mesma, e açougueiros – podemos estar certos – não faltarão, embora eu prefira recomendar que se comprem as crianças vivas e que sejam abatidas na hora do consumo, como fazemos com os leitões para assar. Muitas outras vantagens poderiam ser enumeradas. Por exemplo, o acréscimo de alguns milhares de peças em nossa exportação de carne bovina em barris, um aumento na oferta de carne suína e a melhoria na arte de produzir bacon de qualidade, em grande falta entre nós
devido à matança excessiva dos porcos, tão constantes em nossas mesas; porcos que de modo algum se comparam em gosto ou magnificência a uma criança bem criada e bem gorda, a qual, assada no ponto, há de fazer grande figura na festa do senhor prefeito ou em qualquer comemoração pública. Mas isso e outras coisas omitirei por amor à brevidade”.
Eu sei que alguns ficarão hipocritamente “chocados” com a “proposta” de Jonathan, mas, é exatamente isso o que muitos de vocês, inclusive alguns pseudocristãos, propõem para nossas crianças. Tenho certeza que ao defender que coloquemos crianças, adolescentes em instituições, porque nem a família nem o governo fizeram seu papel, se não fosse muito imoral, proporiam a morte. Muitos pais, após “estragarem” ao não oferecerem educação, respeito, vida digna, afeto, atenção,  aparecem nos Conselhos e pedem para mandarmos esses filhos para qualquer lugar, esse qualquer lugar é muito subjetivo, poderia ser para um açougue, como ilustra Jonathan? Muitos desses nem sabem como funciona ou para que serve um “orfanato” (instituição de acolhimento), ou uma Febem (como ainda dizem),  não querem nem saber o que farão ou fariam com seus filhos lá dentro, o que querem é se livrar do “peso” que o filho lhes causa, portanto, se o matassem, o assassem, comessem, tudo bem?
Para o governo então, seria a saída perfeita. Em vez de colocar nossos jovens no confinamento, mande para o abatedouro. Só há vantagens: cidades limpas e organizadas (já que o único problema social nosso é o adolescente, os menores infratores), não aplicaria dinheiro em uma boa parte da saúde, que é aquela que cuida das doenças desse parcela da sociedade (doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada (mais criança sendo colocada no mundo para cuidar, onerar o estado), não precisaria investir em construções de escola, em formação de professores (olha o quanto se gasta para manter uma escola, contando limpeza, energia elétrica, água, funcionários, merenda, livros didáticos, equipamentos eletrônicos, etc).
Jonathan nunca fora tão atual e contemporâneo.

(dedicado a S.C).

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