Como a maioria dos meus amigos sabem eu cursei Letras. Como cursei português/inglês, logo me depararia com a
literatura e cultura inglesa e norte americana. Foi ai que me deparei com
Jonathan Switf
(BIOGRAFIA) um escritor irlandês.O que Jonathan tem a ver com o tema do texto? Calma. A
pressa é inimiga da perfeição.
Com os problemas sociais na Irlanda em meados de 1700,
Jonathan, um homem culto, crítico, que tivera a oportunidade de estudar, morar
em outros países, faz uma proposta “fantástica” para seus governantes para que
se excluísse o problema da pobreza, da mendicância, da fome. Propôs que
comessem as crianças.
A partir desse ponto apresento algumas partes do texto de
Jonathan, que vem de encontro com as discussões que temos hoje no nosso país,
apesar da distância das datas, três séculos, sobre o que fazermos com os
adolescentes infratores, filhos de pobres, favelados, marginalizados (TEXTO NA ÍNTEGRA)
“Fui informado
por fonte segura de que uma criança recém-nascida, podendo pesar 12 libras,
dentro de um ano, se convenientemente nutrida, aumentará para 28 libras.
Admito que
esse alimento será caro, e portanto adequado aos proprietários, os quais, já
tendo devorado os pais, parecem ter todo o direito de fazer o mesmo com os
filhos.
A carne das
crianças será de época durante todo o ano, mas mais abundantemente em março, e
um pouco antes e depois, pois somos instruídos por um grave autor e eminente
médico francês de que, sendo os peixes uma dieta prolífica, há mais crianças
nascendo nos nove meses posteriores à Quaresma. Os mercados estarão mais
abarrotados do que de costume, devido a que o número de crianças católicas
alcança pelo menos três por um neste reino, o que leva a supor uma outra
vantagem adicional, que é a diminuição do numero de papistas entre nós.
Já computei os
custos de nutrição de uma cria de mendigo (em cuja lista incluo todos os
aldeões, trabalhadores braçais e quatro quintos dos roceiros) como orçando em
torno de dois xelins por ano, farrapos incluídos; e acredito que nenhum
cavalheiro se queixaria de dar dez xelins pela carcaça de uma boa criança
gorda, a qual, como já disse, fornecerá quatro pratos de carne excelente e
nutritiva, quando ele tiver apenas algum amigo pessoal ou sua própria família
para jantar. Então o proprietário aprenderá a ser um bom patrão e ganhará
popularidade entre seus peões, a mãe açambarcará oito xelins de lucro líquido e
estará em condições de trabalhar até produzir outro filho.
Aqueles que são mais econômicos
(como, devo confessar, estes tempos andam a pedir) poderão esfolar a carcaça,
cuja pele, adequadamente curtida, proporcionará luvas admiráveis para as
senhoras e botas de verão para os cavalheiros.
Quanto à nossa cidade de Dublin,
açougues especiais podem ser designados para esse propósito, nas partes mais
convenientes da mesma, e açougueiros – podemos estar certos – não faltarão,
embora eu prefira recomendar que se comprem as crianças vivas e que sejam
abatidas na hora do consumo, como fazemos com os leitões para assar. Muitas outras vantagens poderiam
ser enumeradas. Por exemplo, o acréscimo de alguns milhares de peças em nossa
exportação de carne bovina em barris, um aumento na oferta de carne suína e a
melhoria na arte de produzir bacon de qualidade, em grande falta entre nós
devido à matança excessiva dos porcos, tão constantes em nossas mesas; porcos
que de modo algum se comparam em gosto ou magnificência a uma criança bem
criada e bem gorda, a qual, assada no ponto, há de fazer grande figura na festa
do senhor prefeito ou em qualquer comemoração pública. Mas isso e outras coisas
omitirei por amor à brevidade”.
Eu sei que alguns ficarão hipocritamente
“chocados” com a “proposta” de Jonathan, mas, é exatamente isso o que muitos de
vocês, inclusive alguns pseudocristãos, propõem para nossas crianças. Tenho
certeza que ao defender que coloquemos crianças, adolescentes em instituições,
porque nem a família nem o governo fizeram seu papel, se não fosse muito
imoral, proporiam a morte. Muitos pais, após “estragarem” ao não oferecerem
educação, respeito, vida digna, afeto, atenção, aparecem nos Conselhos e pedem para mandarmos
esses filhos para qualquer lugar, esse qualquer lugar é muito subjetivo,
poderia ser para um açougue, como ilustra Jonathan? Muitos desses nem sabem
como funciona ou para que serve um “orfanato” (instituição de acolhimento), ou
uma Febem (como ainda dizem), não querem
nem saber o que farão ou fariam com seus filhos lá dentro, o que querem é se
livrar do “peso” que o filho lhes causa, portanto, se o matassem, o assassem,
comessem, tudo bem?
Para o governo então, seria a saída
perfeita. Em vez de colocar nossos jovens no confinamento, mande para o
abatedouro. Só há vantagens: cidades limpas e organizadas (já que o único problema
social nosso é o adolescente, os menores infratores), não aplicaria dinheiro em
uma boa parte da saúde, que é aquela que cuida das doenças desse parcela da
sociedade (doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada (mais
criança sendo colocada no mundo para cuidar, onerar o estado), não precisaria
investir em construções de escola, em formação de professores (olha o quanto se
gasta para manter uma escola, contando limpeza, energia elétrica, água,
funcionários, merenda, livros didáticos, equipamentos eletrônicos, etc).
Jonathan nunca fora tão atual e
contemporâneo.
(dedicado a S.C).
(dedicado a S.C).
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