Estou a ler alguns artigos da Revista Superinteressante (
edição especial de Abril) e os artigos me remeteram para a filosofia leiga (eu tenho tendência a filosofar, principalmente aos sábados de manhã, sem nada
para fazer, já que faço faxina as sextas, rss e fico o sábado á toa).
Os artigos são sobre os sete pecados capitais.
Os artigos não falam especificamente do lado religioso,
apesar das alusões, mas, eu os digeri de forma religiosa.
Gosto muito de observar as pessoas e o mundo a minha volta.
Muita gente reclama do Brasil. Dizem que o Brasil é um pais
de gente malandra, preconceituosa, de gente preguiçosa, desonesta. Falamos mal
do Carnaval, que é uma festa da carne (segundo os religiosos), com grande
exposição de bundas, proliferação de doenças. Somos conhecidos pela exploração sexual das
nossas mulheres, inclusive de mulheres crianças. A corrupção corre solta no
Brasil.
Pensemos. Vamos partir para a religião. Segundo dados,(wikipedia) 89%
da população brasileira é composta por cristãos (gente que se declara cheia de
fé, bons princípios, esses ambasados no amor ao próximo, no respeito ao próximo,
na busca pela “perfeição” do espírito, da conduta de “retidão”). Não acham
estranho que com uma população cristã em tão alta proporção nosso país seja
intitulado tão problemático em termos de material humano?
Partimos para a luxúria. Carnaval, por exemplo. São milhões
de pessoas festejando nos quatro cantos do país. Se somos 89% de cristãos,
esses estão entre os foliões, portanto, esses não praticam o que dizem praticar
(confessam, comungam e procuram manter longe do pecado da carne. Por que vão no
Carnaval? Por que levam seus filhos no Carnaval?).
Segundo ponto, corrupção. Muitos dos políticos, funcionários
de alto escalão do sistema público, privado, provavelmente tem um tipo de
crença, provavelmente faz parte desses 89% de cristãos, a corrupção não é
alicerçada na cobiça, na avareza? Se esses não possuem uma crença, mas, sendo
uma população com 89% de cristãos, não devíamos nós, repudiarmos a conduta “corruptiva”
em nosso país para sairmos dessa conivência com esse pecado capital?
Segundo pesquisas da área de saúde o Brasil está com quase
metade de sua população com sobrepeso (incluindo a mim que já fui obesa
mórbida). A gula é um pecado capital (apesar que nem todo problema de obesidade
é problema de gula, apesar das pessoas fazerem essa associação). Sendo 89% de
cristãos, praticantes dos preceitos religiosos, não estamos caindo, infringindo
“compulsivamente” esse outro pecado capital?
Voltando a falar da avareza, muito se prega nas igrejas
sobre o vício. Muito se fala sobre os problemas com bebida alcoólica, drogas,
sobre como esses vícios corrompem os seres humanos, degradam as relações
familiares, nos colocam contra Deus. Seria então conveniente vender bebida alcoólica
nas festas promovidas por igrejas (essa mesma que prega a retidão do homem, que
prega a importância da família, o perigo dos vícios)? Se vendem, mesmo
sabendo-se contraditória a sua doutrina isso não seria avareza? Aqui cabe as
questões da venda dos milagres (prática muito usada por algumas igrejas
evangélicas, como divulga a mídia e é de conhecimento das pessoas mais
instruídas).
Assistimos passivos o aumento da ira, da intolerância entre
as pessoas. Nós, que somos um povo cristão, que somos “treinados” para amarmos
o próximo mais que a nós mesmos, estamos matando ou sendo coniventes com crimes
brutais, muitos por motivos torpes. Nunca se falou tanto em homofobia, racismo,
violência doméstica, crimes contra índios, mendigos, como na atualidade, no
país com 89% de cristãos.
O consumismo exagerado é motivado pela inveja, pela cobiça. Se
o meu vizinho, troca de carro, eu tenho que trocar o meu por
um mais potente, se ele reforma a casa, eu, pessoa criada nos laços de familia
cristã, tenho que reformar a minha (me lembrei de um fato: na rua em que minha mãe mora, 70% dos
moradores pintaram suas casas nos últimos seis meses, 66% delas são verdes. Verde
claro e escuro, mas, verdes, parece inveja, deveriam mudar o nome da rua, de Boaventura A. Azevedo para a rua das casas verdes). Se o filho da vizinha comprou
um Ipad eu tenho que comprar para meu filho para ele não ficar desatualizado
(le-se ficar para trás, ficar em posição inferior).
A soberba anda junto com a cobiça, a inveja, a avareza (essas palavras parecem fazer parte da mesma linha de raciocínio). Geralmente uma pessoa invejosa é
avarenta, soberba, pois, já mostra falha de caráter e geralmente desvio de
caráter vem em pacote. Não deveríamos ver soberba em pessoa cristã, mas.
Outro pecado muito presente é a vaidade. Nossa sociedade
nunca foi tão vaidosa. O Brasil umas das primeiras posições no ranking das cirurgias
plásticas. Em alguns casos, como prótese de
silicone, despontamos no primeiro lugar. Não queiram me convencer que as
mulheres que colocam silicone, todas, são praticantes do ateísmo. Sim, muitas são
mulheres cristãs, que falam que temos que aceitar o corpo como Deus deu, como
morada do senhor e entram em sala de cirurgias plásticas e dizem: vai dar tudo
certo, orem por mim, Deus guiará as mãos dos médicos (não tenho nada contra quem faz cirurgias plásticas, muito menos sou contra mulher ou homem cristão fazer
plástica, só quero salientar a discrepância, a contradição).
Falando em soberba, tenho em minha familia todas as
vertentes religiosas (católica, protestante, espírita) e, na minha família tem
pessoas que se autointitulam muito religiosas, participantes de grupos da
igreja, participantes dos cultos, pregações, que comungam, confessam, que são
de mal das pessoas da família, que passam por você, da família, e não falam um
oi, um bom dia. Isso é conduta cristâ? Não que somos obrigados a engolir o
outro, mas, se a religiosidade prega a humildade, a fraternidade, a tolerância,
a paciência, o amor, o respeito, não deveriam se esforçar para praticarem o que
dizem acreditar ser o ideal de vida para a salvação? Ou só falam em salvação e não
acreditam nessa realmente?
Essas questões me instigam a mente.
Em um pais com tantos religiosos deveria imperar o respeito,
o amor entre as pessoas, a tolerância, a solidariedade.
Eu convivo com pessoas, muitas, por causa do meu trabalho,
e, muitas dessas são religiosos “fanáticos” que no dia a dia humilham seu
semelhante.
Todos somos passíveis de erros. Todos somos fracos. Fraqueza
é inerente ao ser humano, mas, o que me “incuca” é a hipocrisia. Preferia ver
as pessoas assumirem suas fraquezas a viverem nesse mar de hipocrisia.
Não é contraditório um dos países mais cristão do mundo
estar atolado em todos os pecados capitais?
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