23 de maio de 2012

EU NUA.



Essa semana a frase: você é uma fraude me colocou em ponto de inércia (pensando).
Não gosto muito de falar sobre mim, pois, algumas situações podem me colocar como uma pessoa pedante, arrogante, e, isso diverge do que eu realmente sou (pão com ovo), mas, uma fala de uma amiga de me fez refletir sobre mim.
Sou formada em Letras (sou letrada, sou especialista em línguas (não façam essa cara de humm, rss) Português/Inglês, porém, a maioria de meus amigos (as) não concorda com minha escolha. A grande maioria desses acham que eu combino com Direito, com polícia civil, no cargo de delegada (brinca comigo), com promotoria, juíza, ou, com algo relacionado à psicologia, por eu gostar de ouvir, aconselhar, procurar sempre ajudar as pessoas a encontrarem outras formas para solucionarem seus problemas pessoais. Meus amigos, todos, não acham que eu combino com sala de aula por eu gostar de desafios, de coisas grandes (uma metáfora que usamos entre a turma para dar significado a problemas grandes, que exijam concentração, pesquisa, sangue frio na busca de soluções, RSS, apesar de, às vezes, usarmos o termo para outra coisa, rss), por eu ter a personalidade de pessoa inquieta, agitada, que precisa de adrenalina para viver.
Bem, fora esses percalços, ainda colocam muitos adjetivos em mim: pessoa extremamente inteligente, pessoa de grande visão crítica, que sabe o que faz, quando faz, que sabe se portar diante de qualquer situação, principalmente quando é necessário expor em palavras algumas situações, dizem que eu tenho o dom da retórica (simplificando, falo muito e falo bem).
Sinto-me lisonjeada, claro, mas, muita coisa aí não condiz com a verdade (serei modesta, rss).
Vamos ao assunto (demorou né, porque tanta rasgação de seda?). Eu entendo o que os amigos dizem mas, queria entender a partir de qual momento eles construíram essa imagem de minha pessoa (mulher maravilha, supermulher, super, hiper, mega…)? Qual parte disso tudo foi contribuição minha? Que imagem minha ando vendendo para as pessoas como verdadeira?
Concordo em alguns pontos. Realmente eu me acho uma mulher inteligente (sem falsa modéstia), mas, as coisas para mim nunca caíram do céu. Para ter a tal visão crítica que tenho hoje, passei anos de minha vida lendo tudo o que vinha pela frente, de encarte político ao encarte dos editais, da revista teen à bula de remédio e rótulo de produtos de limpeza e shampoo (no banheiro, naquela hora sabe, rss,  passo a mão em um vidro de produto e leio: formoldeído, propilenoglicol, metil e propilparaben,etc, é assim que se amplia vocabulário,  rss), eu já disse em alguns posts que lia entre doze e treze livros por semana (eu era bem à toa e não tinha Facebook na época, rss), então, credito tudo o que sei aos meus amigos livros, as palavras, fora que eu gosto de participar de reuniões, ouvir, isso me amplia os horizontes e o conhecimento.
Pronto, fora isso eu sou “normal”.
Odeio receber ordens, dar satisfações, eu me levanto da cama e vou para a bicama, fico horas no computador, rss, eu tenho preguiça de sair, às vezes, por ter que escolher roupas, passar roupas, me arrumar (se eu não fosse uma pessoa pública, RSS, conhecida, iria até no supermercado de pijama, adoro), eu sou ignorante, quando as coisas não saem do jeito planejado eu me estresso, muito, sou controladora. Pronto, esses são os poucos defeitos que eu tenho. Fora isso, sou mesmo agitada, gosto de concentrar minha adrenalina em desafios, mas, gosto também de jantar a luz de velas, de receber flores, choro muito, sou manteiga derretida, e, pasmem, sonhei com o príncipe encantado (lindo, loiro, oxigenado, em uma Harley Davidson. Vocês não acreditaram que eu iria escolher um cavalo branco né?).
Essa imagem que as pessoas tem de mim me atrapalha. Muito.
O dia que eu confessei para uma amiga que eu sou fanática em vídeos pornográficos ela quase caiu da cadeira (imaginem aí a cara dela: voooooooocêeeeeeeeee, ahhhhhhhhhh, mentira, ahhhhhhh, voooooocêeeeeeeeeeeeeeee, só pode ser brincadeira sua, você não tem cara de quem curte isso (com essa pele linda, mulata, metáfora de fogo, ela pensava que eu era assexuada, rsss). Não sei o que a chocou, se o fato de eu gostar de filme pornográfico ou confessar que gostava, já que mulher de “família” não foi educada para falar sobre seus desejos, fantasias (uma DP, rss, vixi), mas, como ela disse que tinha uma imagem construída de que eu sou uma mulher extremamente séria, acredito que o espanto foi realmente por causa dessa imagem construída que eu a choquei.
Outro ponto é a pessoas imaginarem que por eu ser negra eu gosto de samba e pagode (foda-se todos esses estilos). Preconceito, velhas opiniões formadas sobre tudo (como diria Seixas). Eu não gosto de pagode, odeio tecnobrega, não gosto de axé, não gosto do estilo de música do Norte/ Nordeste (alguns dirão que é preconceito, eu digo que é questão de gosto, não sou obrigada a engolir o que não gosto).
Em contrapartida eu digo: não prestaria concurso para juíza, promotora, delegada, pois, apesar de reconhecer meu gosto por essas profissões, acho Direito uma profissão fantástica, conheço minhas limitações e sei que meu QI não me deixaria passar porque tem questões que exigem raciocínio lógico, rss, meu lógico raciocínio é ilógico (posso estar me subestimando? Não sei, só sei também que não tenho nenhuma vontade de me debruçar sobre livros e perder o melhor de minha vida para ter empregos que me dariam salários altíssimos porque eu não quero acumular riquezas, não as levarei comigo para o túmulo, quero só ser feliz).
Sou adepta do simplismo. Gosto de curtir meus sobrinhos, eles sempre vem em primeiro lugar em minha vida, gosto de curtir minha família e amigos (gosto de sexo também porque ninguém é de ferro, muito menos eu, rss, que tenho fogo nas veias), e, fora isso, acho que o que tiver que ser será, o que tiver que vir virá. Não adianta a gente sofrer, não temos controle sobre nada, apesar de acharmos que temos (tente descobrir o dia de sua morte, já que pensas que podes controlar tudo).
A imagem de mulher maravilha não condiz com minha realidade. Sou simples, gosto de ser simples, gosto de pessoas simples.
Quando comecei a ler inúmeros livros por semana, minha médica endócrino na época disse que eu fazia isso como uma fuga, que era para não me ver, não pensar no meu corpo e nos problemas que eu tinha que enfrentar por causa da obesidade que eu apresentava, hoje eu acredito que ela tinha razão, então, nem o fato de eu me expressar bem foi proposital. Eu lia porque gostava, porque queria fugir da realidade e, consequentemente, de forma indireta, isso me fez bem profissionalmente. O falar bem, o escrever bem, a visão critica vem disso ai, mas, não fico arrotando isso, é característica que os livros foram imprimindo em meu cérebro após tantas palavras.
Portanto, sou normal, rss. Podem se aproximar, tocar (de leve, de longe, rsss) podem falar besteira, podem desabafar. Eu sou normal.
A imagem que fazem de mim é uma fraude…uma impostora se apossou de vocês.
E você? Que imagem sua as pessoas adquiriram? Que pensam sobre você? Que você é super, que você não tem sentimentos? Que você não sabe amar? Que você, se for homem, é um cafajeste, afinal todo homem é (não compartilho dessa opinião)? Que você é super pai/mãe? Que se você está por perto nada ruim acontecerá? Que você é insubstituível? Que sem você a sua família afunda (já pensou que morrerás e a vida continuará sem você? O que sua família fará? Ela sobreviverá, pode acreditar).
Você é você ou você é o que pensam que você é? Você vive a sua verdade ou a verdade que construíram sobre você? Quantas máscaras você usa para que as pessoas te creditem características/qualidades/adjetivos que no fundo você nunca teve?
Estou me despindo. Não quero ser mais uma fraude. Quero apenas ser eu. A vida é muito curta para ser só complexidade, muito breve para perdermos sorrisos, abraços, leveza, sutilezas.
Quero me fazer feliz, essa é minha maior ambição e não estou conseguindo porque as pessoas me colocaram em um trono em que as pessoas que me interessam acham no inacessível. Pronto, falei. rss

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