Essa semana a frase: você é uma fraude me colocou em ponto
de inércia (pensando).
Não gosto muito de falar sobre mim, pois, algumas situações
podem me colocar como uma pessoa pedante, arrogante, e, isso diverge do que eu
realmente sou (pão com ovo), mas, uma fala de uma amiga de me fez refletir
sobre mim.
Sou formada em Letras (sou letrada, sou especialista em
línguas (não façam essa cara de humm, rss) Português/Inglês, porém, a maioria de
meus amigos (as) não concorda com minha escolha. A grande maioria desses acham
que eu combino com Direito, com polícia civil, no cargo de delegada (brinca
comigo), com promotoria, juíza, ou, com algo relacionado à psicologia, por eu
gostar de ouvir, aconselhar, procurar sempre ajudar as pessoas a encontrarem
outras formas para solucionarem seus problemas pessoais. Meus amigos, todos,
não acham que eu combino com sala de aula por eu gostar de desafios, de coisas
grandes (uma metáfora que usamos entre a turma para dar significado a problemas
grandes, que exijam concentração, pesquisa, sangue frio na busca de soluções, RSS,
apesar de, às vezes, usarmos o termo para outra coisa, rss), por eu ter a
personalidade de pessoa inquieta, agitada, que precisa de adrenalina para
viver.
Bem, fora esses percalços, ainda colocam muitos adjetivos em
mim: pessoa extremamente inteligente, pessoa de grande visão crítica, que sabe
o que faz, quando faz, que sabe se portar diante de qualquer situação, principalmente
quando é necessário expor em palavras algumas situações, dizem que eu tenho o
dom da retórica (simplificando, falo muito e falo bem).
Sinto-me lisonjeada, claro, mas, muita coisa aí não condiz
com a verdade (serei modesta, rss).
Vamos ao assunto (demorou né, porque tanta rasgação de
seda?). Eu entendo o que os amigos dizem mas, queria entender a partir de qual
momento eles construíram essa imagem de minha pessoa (mulher maravilha,
supermulher, super, hiper, mega…)? Qual parte disso tudo foi contribuição
minha? Que imagem minha ando vendendo para as pessoas como verdadeira?
Concordo em alguns pontos. Realmente eu me acho uma mulher
inteligente (sem falsa modéstia), mas, as coisas para mim nunca caíram do céu. Para
ter a tal visão crítica que tenho hoje, passei anos de minha vida lendo tudo o
que vinha pela frente, de encarte político ao encarte dos editais, da revista
teen à bula de remédio e rótulo de produtos de limpeza e shampoo (no banheiro,
naquela hora sabe, rss, passo a mão em
um vidro de produto e leio: formoldeído, propilenoglicol, metil e
propilparaben,etc, é assim que se amplia vocabulário, rss), eu já disse em alguns posts que lia
entre doze e treze livros por semana (eu era bem à toa e não tinha Facebook na
época, rss), então, credito tudo o que sei aos meus amigos livros, as palavras,
fora que eu gosto de participar de reuniões, ouvir, isso me amplia os
horizontes e o conhecimento.
Pronto, fora isso eu sou “normal”.
Odeio receber ordens, dar satisfações, eu me levanto da cama
e vou para a bicama, fico horas no computador, rss, eu tenho preguiça de sair,
às vezes, por ter que escolher roupas, passar roupas, me arrumar (se eu não
fosse uma pessoa pública, RSS, conhecida, iria até no supermercado de pijama,
adoro), eu sou ignorante, quando as coisas não saem do jeito planejado eu me
estresso, muito, sou controladora. Pronto, esses são os poucos defeitos que eu
tenho. Fora isso, sou mesmo agitada, gosto de concentrar minha adrenalina em desafios,
mas, gosto também de jantar a luz de velas, de receber flores, choro muito, sou
manteiga derretida, e, pasmem, sonhei com o príncipe encantado (lindo, loiro,
oxigenado, em uma Harley Davidson. Vocês não acreditaram que eu iria escolher
um cavalo branco né?).
Essa imagem que as pessoas tem de mim me atrapalha. Muito.
O dia que eu confessei para uma amiga que eu sou fanática em
vídeos pornográficos ela quase caiu da cadeira (imaginem aí a cara dela:
voooooooocêeeeeeeeee, ahhhhhhhhhh, mentira, ahhhhhhh, voooooocêeeeeeeeeeeeeeee,
só pode ser brincadeira sua, você não tem cara de quem curte isso (com essa
pele linda, mulata, metáfora de fogo, ela pensava que eu era assexuada, rsss). Não
sei o que a chocou, se o fato de eu gostar de filme pornográfico ou confessar
que gostava, já que mulher de “família” não foi educada para falar sobre seus
desejos, fantasias (uma DP, rss, vixi), mas, como ela disse que tinha uma
imagem construída de que eu sou uma mulher extremamente séria, acredito que o
espanto foi realmente por causa dessa imagem construída que eu a choquei.
Outro ponto é a pessoas imaginarem que por eu ser negra eu
gosto de samba e pagode (foda-se todos esses estilos). Preconceito, velhas
opiniões formadas sobre tudo (como diria Seixas). Eu não gosto de pagode, odeio
tecnobrega, não gosto de axé, não gosto do estilo de música do Norte/ Nordeste (alguns
dirão que é preconceito, eu digo que é questão de gosto, não sou obrigada a
engolir o que não gosto).
Em contrapartida eu digo: não prestaria concurso para juíza,
promotora, delegada, pois, apesar de reconhecer meu gosto por essas profissões,
acho Direito uma profissão fantástica, conheço minhas limitações e sei que meu
QI não me deixaria passar porque tem questões que exigem raciocínio lógico, rss,
meu lógico raciocínio é ilógico (posso estar me subestimando? Não sei, só sei
também que não tenho nenhuma vontade de me debruçar sobre livros e perder o
melhor de minha vida para ter empregos que me dariam salários altíssimos porque
eu não quero acumular riquezas, não as levarei comigo para o túmulo, quero só
ser feliz).
Sou adepta do simplismo. Gosto de curtir meus sobrinhos,
eles sempre vem em primeiro lugar em minha vida, gosto de curtir minha família
e amigos (gosto de sexo também porque ninguém é de ferro, muito menos eu, rss, que tenho fogo nas veias), e, fora isso, acho que o que tiver que ser será, o
que tiver que vir virá. Não adianta a gente sofrer, não temos controle sobre
nada, apesar de acharmos que temos (tente descobrir o dia de sua morte, já que
pensas que podes controlar tudo).
A imagem de mulher maravilha não condiz com minha realidade.
Sou simples, gosto de ser simples, gosto de pessoas simples.
Quando comecei a ler inúmeros livros por semana, minha
médica endócrino na época disse que eu fazia isso como uma fuga, que era para
não me ver, não pensar no meu corpo e nos problemas que eu tinha que enfrentar
por causa da obesidade que eu apresentava, hoje eu acredito que ela tinha
razão, então, nem o fato de eu me expressar bem foi proposital. Eu lia porque
gostava, porque queria fugir da realidade e, consequentemente, de forma
indireta, isso me fez bem profissionalmente. O falar bem, o escrever bem, a
visão critica vem disso ai, mas, não fico arrotando isso, é característica que
os livros foram imprimindo em meu cérebro após tantas palavras.
Portanto, sou normal, rss. Podem se aproximar, tocar (de
leve, de longe, rsss) podem falar besteira, podem desabafar. Eu sou normal.
A imagem que fazem de mim é uma fraude…uma impostora se
apossou de vocês.
E você? Que imagem sua as pessoas adquiriram? Que pensam
sobre você? Que você é super, que você não tem sentimentos? Que você não sabe
amar? Que você, se for homem, é um cafajeste, afinal todo homem é (não
compartilho dessa opinião)? Que você é super pai/mãe? Que se você está por
perto nada ruim acontecerá? Que você é insubstituível? Que sem você a sua
família afunda (já pensou que morrerás e a vida continuará sem você? O que sua família
fará? Ela sobreviverá, pode acreditar).
Você é você ou você é o que pensam que você é? Você vive a
sua verdade ou a verdade que construíram sobre você? Quantas máscaras você usa
para que as pessoas te creditem características/qualidades/adjetivos que no
fundo você nunca teve?
Estou me despindo. Não quero ser mais uma fraude. Quero apenas
ser eu. A vida é muito curta para ser só complexidade, muito breve para
perdermos sorrisos, abraços, leveza, sutilezas.
Quero me fazer feliz, essa é minha maior ambição e não estou
conseguindo porque as pessoas me colocaram em um trono em que as pessoas que me
interessam acham no inacessível. Pronto, falei. rss
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