4 de junho de 2011

PEDOFILIA, O AMOR E O ÓDIO DE MÃOS DADAS.



Uma profunda e reflexiva entrevista (íntegra margaux-fragoso-sobre-a-pedofilia) no site da revista época, me fez pensar em dividir com vocês uns pensamentos.
A entrevistada é uma autora norte americana, chamada Margaux Fragoso, que lançará o livro de nome Tigre, Tigre, relatando sobre sua vida, sobre quando começou a ser molestada sexualmente quando essa tinha oito anos de idade.
Se vocês tiverem interesse o link foi deixado acima e podem ver a entrevista na integra, mas, quero destacar e dividir os pontos que me chamaram à atenção. As partes entre aspas que aparecerão para retratar a fala da autora foram copiadas da entrevista que citei (vou copiar e colar por preguiça, mas não tenho intenção de plagiar, tanto que já disse qual é a fonte).
“Ele sempre tentou controlar o que eu escrevia, insistindo que eu escrevesse apenas sobre os momentos felizes”. Você deve estar se perguntando: mas, tem momentos felizes nesse tipo de relação, em que uma criança está sendo abusada sexualmente? A resposta é: sim, a criança sente prazer, sente afeto pelo “abusador”. Você deve se perguntar por que eu sei disso. Simples, eu me deparo, infelizmente, devido ao trabalho que faço, com pelo menos dez casos desse por ano. Então, é utopia achar que há somente laços de ódio entre abusador e abusado. E por não ser uma relação apenas de ódio é que temos dificuldade de chegar até os casos.
“Exposição indecente”. O uso de um jargão legal me fez sentir como uma criminosa. Agora sei por que as crianças raramente denunciam seus agressores. Porque há uma mensagem subliminar na sociedade de que o mensageiro, por assim dizer, será morto. Você será visto como um bem danificado ou, então, ser julgado culpado de alguma maneira. Então, por que não manter o segredo em vez de enfrentar o desprezo?”
Esse tipo de medo que ela relata acima, de, de repente, as pessoas fazerem mau juízo da vítima existe e é enraizado em nossa sociedade. Quando a vítima é uma mulher, mesmo adolescente, a coisa fica pior. Por todos os lados que você corre para resolver a questão, fica a mensagem, às vezes explicita, até por parte de outras mulheres, de que, de alguma forma, a garota deva ter contribuído para a situação (raízes do machismo, que infelizmente afeta até as mulheres), como se isso diminuísse a gravidade do crime ou o justificasse.
“Quando os pais dão aos filhos esse sentido de valor próprio, eles não sentem que precisam consegui-lo de seus agressores. Alguns filmes para as garotas, como A Bela e a Fera, dá a elas a impressão de que o amor vence tudo e que os agressores vão mudar, em algum momento. No filme, a besta é domesticada e se torna um príncipe. Na realidade, a besta é, geralmente, incorrigível – é preciso correr dela, não tentar mudá-la”. Essa parte dispensa comentários.
“Acredito que é comum as crianças terem relações próximas com seus agressores. Os pedófilos podem entrar na vida da criança e satisfazer a necessidade delas por afeto quando a família falha. As relações de longo prazo são provavelmente mais comuns do que se imagina. É raro que as pessoas falem sobre isso em público porque, se o fazem, veem seus sentimentos privados atacados. Como, então, as pessoas poderiam saber da existência desses laços secretos se ninguém nunca fala sobre eles?”
“Peter (o agressor) literalmente criou minha realidade a partir das cartas dele, do que dizia, e eu não tinha contato com o mundo externo. Eu pensava dentro dos limites restritos que ele construía e por todos aqueles anos fui incapaz de ver a situação do lado de fora”. Por isso temos que manter o alarme ligado. A vítima de abuso é envolvida pelo agressor de todas as maneiras, principalmente quando há laços fortes os unindo. A criança se sente envolvida pelo prazer sexual, o prazer do ato, se sente tentada pelas promessas, pelos doces, pelo dinheiro, pelo afeto. Tirar uma confissão de uma criança envolta nessa situação é tarefa árdua. Por isso à atenção dos pais, ou responsáveis, da sociedade, professores, uma vez que os próprios pais podem ser os agressores é essencial.
“Os políticos deveriam apoiar a ideia de que o tratamento para os pedófilos é a melhor maneira de prevenir o crime. É preciso criar linhas anônimas em que pedófilos que estão pensando em cometer o crime possam ligar e ser dissuadidos de fazê-lo”.
“Quando mostramos compaixão, mesmo quando ela é o sentimento mais difícil, temos uma chance de atingir as defesas e as racionalizações dos pedófilos. A compaixão desarma a defesa, enquanto a culpa e o julgamento não conseguem entrar na mente daqueles que se recusam a admitir. Há tanta ênfase em tratar as vítimas depois do abuso; por que não tratar os agressores e prevenir o problema”?
Pronto, taí. Resolvi dividir com vocês o assunto por achar de extrema importância.
A autora mostra na entrevista a seriedade e a complexidade do tema. Penso ser assim que deve ser tratado o problema da pedofilia, com seriedade e complexidade.
A nossa atenção pode evitar expormos nossas crianças a situações que as marcarão para o resto de suas vidas. Assim como poderá ficar marcada a vida dos pais, dos responsáveis, de quem ama essas crianças por causa da brutalidade do ato.

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(imagens do tio google).

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