4 de junho de 2011

MACHISMO MODERNO, II.


Já disse e repito que esse blog não tem bandeira feminista e, mesmo eu sendo mulher, tem coisas que ainda fazemos, na belíssima condição de mulher, apesar do fluxo menstrual e da dor do parto, que eu sou veemente contra, mas, discutir alguns temas não fere ninguém, nem emagrece, infelizmente (podem acreditar), então, vamos lá, discutir, porque o tempo urge e se faz necessário refletirmos sobre algumas coisas.
Alguns homens, infelizmente a minoria, se gabam dizendo não ser machista. Será mesmo?
Apesar da evolução da espécie, da qual o homem claro, diz fazer parte, da evolução tecnológica, da evolução sociológica, antropológica, da conquista dos métodos anticoncepcionais, que deram as mulheres a possibilidade de “darem” à vontade, umas transadinhas aqui e outras ali, afinal, o mundo evoluiu, conquistamos nosso espaço e somos indivíduos com liberdade declarada na Constituição e Declaração Universal dos Direitos Humanos e blá, blá, blá, há muito machismo velado por aí, e muiiiiiiiiiiiito.
Exemplificando porque eu não gosto de discutir nada sem embasamento comprovado por A + B (é igual a que mesmo? Sou péssima em deduções). Comecemos pelas novelas. Sei que alguns já vão dizer: tá vendo, tinha que ser mulher mesmo, começar pelas novelas, cuidado hein, esse tipo de pensamento, que novela é coisa de mulher, é coisa de machista. Sei que novela tem muito besteirol e lingüiça para encher (humm), mas, os autores fazem um estudo da sociedade que será protagonizada nas telinhas no couro dos atores, isso é obvio, então lá vai à pergunta: porque ainda existem representações como a encarnada pelo banqueiro Oséias, personagem da novela Morde e Assopra? (agredida-mais-uma-vez-lavinia) Porque a atriz Bruna, que personifica a fogosa e descolada Leila da novela Insensato Coração, sofre duras críticas, por parte de alguns homens, quando está nas ruas (personagem-pegadora-) (além de machista, as pessoas que a abordam deve ser ignorantes por confundir à pessoa Bruna com a personagem Leila)? Por que um policial canadense disse que as meninas, mulheres, precisam se vestir de maneira adequada para não sofrerem abusos por parte dos homens (comentário que gerou a Marcha das Vagabundas (slutwalk) (protesto-marcha-das-vagabundas) que já foi realizada em algumas partes do mundo, além do Canadá, e se realizará hoje, sábado dia 04 de Junho, em Sampa)(ressaltando que o comentário do policial foi, no mínimo, muito infeliz, pois, ao defender que somos nós quem provocamos os homens a realizarem coisas bárbaras como o estupro, ainda colocou os homens, “espécie” da qual ele, o policial, também faz parte, em uma categoria nada elegante. Com o comentário dele se explicita que vocês, homens, são seres irracionais, incapazes de se controlarem diante de uma mulher de micro saia, micro blusa, shorts colados, fio dental etc. como se vocês fossem criaturas bestializadas, sem senso do certo e errado, o que não é certo, pois, sabemos que, muitas das vezes, o comportamento agressivo, violento, sexualmente falando, por parte de alguns homens é gerado por um desvio moral ou uma doença, o que não é característica intrínseca de todos os homens)? Pensaram que eu iria esquecer onde foi o inicio da pergunta né? Por que, durante o movimento para a caída do ditador Hosni Mubarak, do Egito, soldados submeteram as mulheres que participavam da marcha a realizarem teste de virgindade (ridículo) para que essas, caso não fossem mais virgens, não saíssem dizendo que foram estupradas pelos soldados (se elas já tinham dado então eles poderiam comer, quem iria provar que foram eles, ai ai)?
 Dias atrás ouvi um comentário de que certo marido (donorido, mistura de dono e marido, pois, é assim que esse deve se sentir em relação a esposa) ficara bravo porque chegou no trabalho e um colega comentara que havia visto a mulher do cara, do donorido, na rua. Pronto, isso foi o suficiente para o “cara” ficar estressadinho. De repente, a pessoa que fizera o comentário quisera ser maldoso, ou não. O que tem demais uma pessoa sair na rua? Cada um conhece a mulher que tem, mas, dizer que viu alguém na rua tem várias interpretações. Saímos na rua por vários motivos, inclusive para irmos a uma farmácia.
 Não é o fato sair na rua que me revolta, é o fato da pessoa se sentir tão proprietário que o fato de o outro sair na rua incomoda, mesmo que tenha sido por motivo justo. E se não fosse também seria motivo justo, porque impedir uma pessoa de ir e vir é crime, cárcere privado.
Sei que o fator (histórico, cultural) machismo não se resolverá só porque eu fico indignada, mas, eu gosto de expor minha indignação. Principalmente quando ouço marmanjos dizerem que machismo é coisa do passado, com ele as coisas são diferentes, que machismo é coisa de gente ignorante. Então, crianças, o mundo tá cheio de ignorantes. Para termos uma idéia ainda impera entre os homens o quesito mulher para ficar (trepar, usar, passar a mão, se divertir, etc) e mulher para casar, “limpar a casa, ser submissa, fiel” (coitados, não sabem o que se esconde por trás de algumas carinhas, o capeta ficaria com vergonha). Caráter não se mede a palmos.
Pessoas, independente de ser homem ou mulher, devem ser respeitadas por sua condição humana. Isso já é motivo mais que suficiente para exigirmos respeito.

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