17 de abril de 2011

AMOR EM COMA.

Minha mulher me bateu “rapais”, você acredita que ela encheu minha cara de tapa??????.
Lembro-me, passando em uma rua com meu marido, um homem, conhecido da gente, meio alcoolizado, olhou para nós e começou a dizer que havia apanhado da esposa, que ela havia batido em sua cara etc. Como ele não estava muito consciente do que falava, não expressava vergonha ao dizer aquelas palavras, as proferia com naturalidade. Fiquei algum tempo pensando na degradação do ser humano e do desgaste dos relacionamentos. Muita coisa passa pela nossa cabeça diante de uma cena como essa que presenciamos. O cansaço da esposa em relacionar-se com alguém que tem uma dependência química, o desgaste moral dele, ao expor a situação sem cerimônias, a convivência com os filhos, a exposição dos filhos diante das cenas de violência entre os pais etc.
Até hoje eles estão juntos. Possuem uma filha que hoje deve ter uns dezenove anos. Na rua parece família de comercial de margarina. Família perfeita.
Um filme que estará nas telinhas brasileiras despertou em mim vontade de dividir um assunto difícil com vocês. A violência doméstica.
O nome do filme é Amor?(assim mesmo com interrogação. Mais adiante fica explícito o porquê) é um filme em que atores profissionais, alguns renomados e conhecidos do grande público (Lília Cabral, Eduardo Moscovis e Julia Lemmertz, entre outros), encenam depoimentos colhidos pelo diretor e sua equipe, sobre histórias de amor complicadas.  Esse “complicadas” é definido assim porque todos os depoentes agridem ou são agredidos em algum momento de seus relacionamentos. No filme fica claro que algumas das pessoas estiveram bem perto da morte pelas mãos daqueles que amavam (frisei essa palavra, pois, é ela a norteadora do nosso bate papo).

Por que pessoas se agridem, se machucam, se matam, em nome do amor?
“Quando meu marido está por perto não tenho liberdade de falar o que penso. Ele fica o tempo todo olhando em minha direção para ver o que vou falar, para ver se não falarei besteira.” (me pergunto o que faz esse marido achar que ele tem o direito de vigiar a fala da esposa e o porquê dela permitir isso).
“Meu marido me ameaça constantemente, me domina por meio do terror, ele fala que se descobrir que um dia eu lhe traí, ele me mata, então, fico com medo até de falar com pessoas conhecidas, amigos, vizinhos. Já nos separamos algumas vezes, mas, quando estamos separados ele muda, me liga, fala que não vive sem mim, que sente minha falta, que sente saudades, que vai mudar e eu, acredito sempre, e o aceito de volta e em questão de semanas estou arrependida, porque a vida infernal recomeça.”
“Meu marido me cobra o tempo todo por meu passado, como se eu soubesse prever o futuro, como se eu soubesse que me casaria com ele (ignorante). Casei-me quase no final do século XX e até hoje ele me cobra por eu não ter me casado virgem. Fala que eu só me casei com ele para que ele tampasse meu buraco, que eu não o amava, mas, como eu não acharia outro trouxa mesmo (notem que ele mesmo se chama de trouxa). Sempre respondo que ele não era e não é obrigado a estar comigo mas, ele insiste em ficar, e me humilha quase que diariamente por causa do detalhe do hímen. Penso em me separar, penso nos filhos. Não sei até quando suportarei o não amor, o detalhe “himen” em minha vida”.
 “Meu marido usa cocaína, tenho dois filhos pequenos, somos sustentados pela minha sogra. Quando ele consegue um trabalho logo o perde por causa do uso das drogas. Me agride. Nunca relou um dedo nas crianças, mas em mim, e mostra os hematomas, os arranhões. Sempre que ele me bate ele me tranca em casa com as crianças e sai. Hoje ele me bateu, saiu, mas esqueceu-se da outra chave, por isso consegui sair e denunciá-lo. Na delegacia chorou e prometeu mudar. Foi advertido quanto as conseqüências de seus atos e fomos para casa, ele “arrependido”, eu, com medo”.
Esses relatos são reais. De Pessoas que “em nome do amor” se sentem amarradas em relações doentias, destrutivas.
Todos nós conhecemos pessoas que já passaram por alguma situação difícil em um relacionamento ou nós mesmos, em algum momento tivemos um problema grave em nossos relacionamentos e o negligenciamos, “em nome do amor”.
De repente, pessoas que até pouco tempo atrás não conhecíamos, entra em nossas vidas e começam a ditar regras, a interferir em nossa singularidade, em nossa maneira de vestir, de falar, de pensar. Mandam, desmandam em nossa forma de ser, em nossa essência e pior de tudo, com nosso consentimento.
Há duas situações distintas em tudo isso. Há o agressor, que dentro de sua ignorância, arrogância, prepotência ou desvio psicológico etc, acha que tem o direito de mandar, de controlar, nem que para isso precisa usar da força, da ameaça, da arma. Há o agredido, a vítima (que alguns estudiosos dizem que apesar de vítima também possui a mesma condição do agressor, porque de alguma forma uma pessoa que se deixa agredir contribuiu para a situação (????, questionável)), que se deixa levar a destruição, seja por medo, fraqueza, problemas na autoestima, carências, dependências, etc. Não me aprofundarei nas questões das vitimas nem dos agressores porque tem casos que sabemos que é clínico, patológico e a pessoa precisa de tratamento. O questionamento é: porque aceitamos? Por que é tão difícil nos livrarmos dessas relações, mesmo quando sabemos que nossa vida ou nossa integridade física ou psicológica estão em risco? E quando há filhos,  como esses ficam no meio desses relacionamentos doentios?
VAMOS REFLETIR? VAMOS AMAR DE VERDADE? PARTIILHEM, COMPARTILHEM.

5 comentários:

  1. Isso seria amor demais, mas pra mim quem ama demais ama sozinho, os casos de violência doméstica são, geralmente, os que mais incomodam os familiares e amigos, por não compreenderem como a mulher suporta o agressor e ainda por cima demonstra amá-lo. a mulher, na maior parte das vezes, pode se afastar, pode sair do encarceramento dessa união, mas não o faz, ora argumentando que fica em favor dos filhos, ora porque o parceiro precisa dela, não tem para onde ir, raras vezes admitindo que ela tem por ele uma paixão do tipo obsessiva. A Mulher deve exercitar um grau de independência emocional e sentimento de desapego (dentro de limites saudáveis para que não caia no outro extremo, o egoísmo). Outra dica é desenvolver dentro de si a capacidade de sobreviver emocionalmente a um término de relação. Compreender quais são os seus papéis no mundo, buscar a sua identidade existencial, descobrir um dom, um talento, procurar quais são as suas missões humanitárias, serem totalmente independentes, talvez pensam que sou demagoga mas devemos lutar ate que se esgotam os recursos necessários para sermos felizes.

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  2. " vi em um artigo que pessoa apaixonada sofre mudanças no cérebro e essas mudanças são parecidas com as que acontecem no cérebro de pessoas dependentes químicas. Eu acredito. A pessoa apaixonada em excesso não ouve conselhos, não percebe sinais de descontrole, não percebe quando está sendo enganada, só ve em sua frente o ser amado, como o viciado sabe que está se destruindo mas continua a usar a droga, sem conseguir se ver na situação desesperadora em que se encontra. P/ casos assim só ajuda profissional".

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  3. "É COMO O CONSUMO DE ÁLCOOL QUE É CONSUMIDO SOCIALMENTE.NO COMEÇO VOCÊ BEBE E NÃO PERCEBE NADA PORQUE ESTÁ DENTRO DO NORMAL,COM O PASSAR DO TEMPO SUA VIDA COMEÇA A GIRAR EM TORNO DISSO E VOCÊ NÃO PERCEBE QUE JÁ ULTRAPASSOU OS SEUS LIMITES...UMA VEZ QUE NÃO ENCONTRAMOS SAÍDAS PARA ESSA SITUAÇÃO,O ÚNICO MEIO DISPONÍVEL PARA ESCAPAR É O RECUO EM UM MUNDO IRREAL DE FANTASIAS QUE PREENCHAM ESSE VAZIO(VIVER COMO NO COMERCIAL DE MARGARINA)VIVENDO UM INFERNO SEM ALIVIO DIARIAMENTE,SE PERGUNTANDO TODOS OS DIAS,POR QUE É SEMPRE TÃO DIFÍCIL TOMAR A MELHOR DECISÃO?O QUE FAZER QDO O AMOR ENTRA EM COMA?

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  4. GERALMENTE AS RESPOSTAS ESTÃO E SEMPRE TIVERAM AO NOSSO ALCANCE. EU ACREDITO QUE NÃO VEMOS POR ACREDITAR QUE UM DIA SERÁ DIFERENTE, QUE TEMOS O PODER DE MUDAR A PESSOA.É MAIS FÁCIL VIVER NA ILUSÃO DO QUE RECOMEÇAR, RECOMEÇO É SEMPRE MAIS DIFICIL, ENVOLVE MUDANÇAS DE ATITUDES, NOVAS BUSCAS, E, ACOMODADOS QUE SOMOS, QUE ESTAMOS, VAMOS DEIXANDO A VIDA ROLAR, SEM CORAGEM DE OLHAR A ESTRADA AO LONGE, DE OLHAR NOVOS CAMINHOS. PRECISAMOS, GERALMENTE, NOS BUSCAR DENTRO DA GENTE MESMO OU DEIXAR QUE OUTRAS PESSOAS, COMO POR EXEMPLO, UM PROFISSIONAL DA AREA PSICOLÓGICA NOS AJUDAR, MAS ATÉ PARA BUSCAR AJUDA RELUTAMOS. TEMOS MEDO DO NOVO.

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  5. DESCULPEM OS ERROS DE CONCORDANCIA, RSS, É QUE TENHO MANIA DE NÃO CORRIGIR, E DEPOIS FICO COM PREGUIÇA DE APAGAR, RSS

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