11 de setembro de 2013

NÃO FALAR, NÃO OUVIR, NÃO VER.

Depois de mais de um mês de ausência, ausência pura e simples, embasada na preguiça, na falta de inspiração, eis que hoje me deu saudade do meu espaço, me deu vontade de voltar para contar um
episódio.
Semana retrasada eu postara em meu perfil um texto em que relatava uma situação que não deveria ocorrer, mas, é corriqueira: a de uma criança que não está conseguindo aprender a ler.
Na postagem, que eu postei no meu perfil particular, mas, que eu posto enquanto Conselheira, sem expor à criança, apenas uma situação que ocorre nos quatro cantos do Brasil, tive apenas a intenção de apontar um problema e ainda convidei a comunidade (igrejas, sindicatos, Ongs, entidades, etc, ou seja, a sociedade civil e organizada) a colaborar, pois, a Lei diz que é dever da família, do Estado e da sociedade zelar com absoluta prioridade pelos direitos de uma criança ou de um adolescente, e, nesse caso, os convidava para ajudarem a garantir o direito daquela criança e de outras crianças a aprenderem a ler. Em um momento eu me coloco como educadora, como sociedade civil, mas, algumas pessoas se sentiram ofendidas por eu expor uma problemática, que já é de domínio público, no Facebook, como se fosse um tabu falar que uma criança está a ter dificuldade para aprender a ler.
Faz tempo que se percebe que os professores se colocam na defensiva em tudo o que se refere à educação, o que é compreensível por terem muito trabalho e pouco reconhecimento, mas, também, sabemos que nem todos os problemas ligados à educação é problema do professor. Ao me referir a uma criança que não estava aprendendo a ler eu não queria apontar o dedo na ferida, muito pelo contrário, eu questionei o que nós, enquanto sociedade civil poderíamos fazer para colaborar, inclusive com o sistema educacional, porém, fui mal interpretada e tentaram me queimar em praça pública, tentaram me constranger para eu não falar do problema.
Algumas pessoas do meu município se sentiram ofendidas por eu ter apontado o problema, ou seja, apontar o problema é mais grave que o problema em si. O fato da criança não estar conseguindo aprender ficou irrelevante perto da exposição que eu dei ao problema. Eu não poderia, eu não deveria, em hipótese alguma, mesmo sendo um assunto, como eu já dissera, de interesse público, já que pagamos impostos para ter acesso a educação, ter dito em uma rede social, mesmo não apontado nome de instituição, que uma criança do nosso município não sabe ler.
Tenho um amigo que sempre diz que a humanidade pode ser dizimada pois, já está com prazo de validade vencida.
Hoje, o mostrar estatística é mais importante que o que vem por traz das estatísticas, o selo vale mais que uma calça, a marca do celular vale mais que suas funções, o modelo do meu carro vale mais que sua utilidade e, números, de preferência bem maquiados, valem mais que pessoas.
Em contrapartida recebi inúmeras mensagens, visitas de apoio, de pessoas de todas as esferas sociais, o que me faz acreditar que esse mundo pode ter jeito. Advogados, professores (professores que sabem interpretar um texto e compreenderam que não era pessoal, professores que sabem que há sim problemas ligados a forma de educar e que, por sermos cidadãos pagadores de impostos temos sim o direito ao questionamento), secretárias, bancárias, representantes de instituições aqui de minha cidade e de cidades vizinhas se ofereceram para ajudar, queriam saber o que poderiam fazer para ajudarem à criança ou crianças que possam estar passando por alguma dificuldade, mostrando que ainda existe possibilidade de termos ações da sociedade civil quando organizada, quando provocada.
Sempre tive excelentes professores, sou formada na área da educação, portanto, nem a intenção de ferir, imputada a mim, eram verídicas, nem o meu ponto de vista era uma inverdade, o que acontece é que as pessoas, hoje, no nosso mundo de aparências, só tomam para si o que é de interesse pessoal, só entendem o que querem entender, só mostram o que é interessante mostrar.
Infelizmente para algumas situações a punição é a reflexão e, nesse caso, essa não terá espaço, pois, a pessoa está preocupada apenas em calar minha boca, fechar os olhos da sociedade, me “inimizar”, mas, eu vou deixar umas perguntas no ar, apesar da iminente retaliação: se não há problema, como se explica adolescentes saindo do ensino médio sem ao menos saber ler e interpretar um texto? Qual o motivo de não podermos questionar o sistema? Perguntar, questionar, expor problemas de relevância pública é ofensa? Oferecer ajuda, querer ajudar alguém é crime?


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