Depois
de mais de um mês de ausência, ausência pura e simples, embasada na preguiça,
na falta de inspiração, eis que hoje me deu saudade do meu espaço, me deu
vontade de voltar para contar um
episódio.
Semana
retrasada eu postara em meu perfil um texto em que relatava uma situação que
não deveria ocorrer, mas, é corriqueira: a de uma criança que não está
conseguindo aprender a ler.
Na
postagem, que eu postei no meu perfil particular, mas, que eu posto enquanto
Conselheira, sem expor à criança, apenas uma situação que ocorre nos quatro
cantos do Brasil, tive apenas a intenção de apontar um problema e ainda
convidei a comunidade (igrejas, sindicatos, Ongs, entidades, etc, ou seja, a sociedade
civil e organizada) a colaborar, pois, a Lei diz que é dever da família, do
Estado e da sociedade zelar com absoluta prioridade pelos direitos de uma
criança ou de um adolescente, e, nesse caso, os convidava para ajudarem a
garantir o direito daquela criança e de outras crianças a aprenderem a ler. Em um
momento eu me coloco como educadora, como sociedade civil, mas, algumas pessoas
se sentiram ofendidas por eu expor uma problemática, que já é de domínio
público, no Facebook, como se fosse um tabu falar que uma criança está a ter
dificuldade para aprender a ler.
Faz
tempo que se percebe que os professores se colocam na defensiva em tudo o que
se refere à educação, o que é compreensível por terem muito trabalho e pouco
reconhecimento, mas, também, sabemos que nem todos os problemas ligados à
educação é problema do professor. Ao me referir a uma criança que não estava
aprendendo a ler eu não queria apontar o dedo na ferida, muito pelo contrário,
eu questionei o que nós, enquanto sociedade civil poderíamos fazer para
colaborar, inclusive com o sistema educacional, porém, fui mal interpretada e
tentaram me queimar em praça pública, tentaram me constranger para eu não falar
do problema.
Algumas
pessoas do meu município se sentiram ofendidas por eu ter
apontado o problema, ou seja, apontar o problema é mais grave que o problema em
si. O fato da criança não estar conseguindo aprender ficou irrelevante perto da
exposição que eu dei ao problema. Eu não poderia, eu não deveria, em hipótese
alguma, mesmo sendo um assunto, como eu já dissera, de interesse público, já
que pagamos impostos para ter acesso a educação, ter dito em uma rede social,
mesmo não apontado nome de instituição, que uma criança do nosso município não
sabe ler.
Tenho
um amigo que sempre diz que a humanidade pode ser dizimada pois, já está com
prazo de validade vencida.
Hoje,
o mostrar estatística é mais importante que o que vem por traz das estatísticas,
o selo vale mais que uma calça, a marca do celular vale mais que suas funções,
o modelo do meu carro vale mais que sua utilidade e, números, de preferência bem
maquiados, valem mais que pessoas.
Em
contrapartida recebi inúmeras mensagens, visitas de apoio, de pessoas de todas as
esferas sociais, o que me faz acreditar que esse mundo pode ter jeito. Advogados,
professores (professores que sabem interpretar um texto e compreenderam que não
era pessoal, professores que sabem que há sim problemas ligados a forma de
educar e que, por sermos cidadãos pagadores de impostos temos sim o direito ao
questionamento), secretárias, bancárias, representantes de instituições aqui de
minha cidade e de cidades vizinhas se ofereceram para ajudar, queriam saber o
que poderiam fazer para ajudarem à criança ou crianças que possam estar
passando por alguma dificuldade, mostrando que ainda existe possibilidade de
termos ações da sociedade civil quando organizada, quando provocada.

Infelizmente
para algumas situações a punição é a reflexão e, nesse caso, essa não terá
espaço, pois, a pessoa está preocupada apenas em calar minha boca, fechar os
olhos da sociedade, me “inimizar”, mas, eu vou deixar umas perguntas no ar,
apesar da iminente retaliação: se não há problema, como se explica adolescentes
saindo do ensino médio sem ao menos saber ler e interpretar um texto? Qual o
motivo de não podermos questionar o sistema? Perguntar, questionar, expor
problemas de relevância pública é ofensa? Oferecer ajuda, querer ajudar alguém é crime?
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