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Em uma época não tão remota, já que sou muito jovem, rss, eu invejava os homens, invejava a liberdade deles, o não menstruar. Tive uma
infância regrada, pai rígido (que ele não saiba, mas, não valeu muita coisa, rss)
e, ser homem para mim seria a carta de alforria que eu precisaria para ganhar
as pistas de dança, as ruas, rss.
Depois houve uma época em que desejei ser homem por causa do
mercado de trabalho, época em que eu
achava sinceramente que dinheiro era tudo e que sendo homem eu conseguiria
melhores vagas no mercado, o que não deixava de ser lógico.
Hoje essas vontades ficaram ali, em algum canto do meu difícil
processo “adolescentístico”, sim, tive uma adolescência conflituosa, fui uma
adolescente marrenta, questionadora, desafiadora, do tipo que rasgava a calça
jeans, nova, para mostrar para mãe que eu tinha meu estilo, ou para mostrar que
eu sabia o que queria, sei lá.
Hoje o ser mulher me encanta, apesar dos desafios.
Só sendo mulher para ter permissão social para muitas
coisas, como, por exemplo, chorar muito, às vezes, por nada, ou porque estamos
menstruadas e da uma angústia, uma raiva que não sabemos de onde vem, porque vem,
mas, choramos e coitado de quem não
compreender isso e nos oferecer um lencinho, rss. Só sendo mulher para se ter
permissão de falar sozinha, às vezes na rua, parecendo louca. Só sendo mulher
para desabafar sérias confidências com outra mulher, amiga, que chamamos
merecidamente de irmãs. Saímos da calma a tempestade em questão de segundos,
temos coragem de coisas absurdas, como ter um filho em parto normal e ao mesmo
tempo somos capazes de subir pelas escadarias de Santos, todos os 415 degraus, se cismarmos que tem uma barata por perto. Só a nós é permitida a demonstração
de fraqueza, pois, ser forte o tempo todo ou fingir ser deve ser um saco.
Dentro das delícias e “indelícias” de ser mulher, o poder
expressar seus sentimentos, sejam de raiva, dor, despeito, desgosto, alegria, às
vezes exageradamente, como só nós sabemos expressar, é o mais admirável, pois, nos desnuda a alma,
nos mostra o ser humano, o bicho que há em cada uma de nós. Se sofremos falamos
sobre o sofrimento, se estamos felizes falamos sobre essa tal felicidade, se é
para chorar choramos, se é para rir “riamos” e ponto final. Porém, trabalhamos, e lutamos. Só a nós cabe à injusta tarefa
de trabalhar fora, seja para ajudarmos no orçamento doméstico ou para sanar
necessidades interiores, e ainda cuidar dos afazeres domésticos. Mesmo quando
temos uma pessoa para ajudar nessa árdua tarefa, só a dona da casa sabe se as
coisas estão nos devidos lugares, isso incluindo as gavetas de cuecas, de
meias, se o box do banheiro está sem respingos, se as venezianas estão sem
poeira, etc, ninguém cuida da casa como a dona e infelizmente essa preocupação
não se estende para o marido, mas, não reclamemos, somos nós quem educamos os
homens, portanto, se esses falham no quesito cooperação, fomos nós quem os “treinamos”
para serem folgados, desagradáveis (apesar de respeitar muito a nós, mulheres,
fico intrigada ao falar dessa questão: somos nós quem educamos os homens. Fica a
questão: somos nós quem os ensinamos a nos
maltratar, violentar, desrespeitar? Se
foram educados por mulheres, de onde vem a ânsia, em alguns deles, de nos fazerem escravas, de
onde vem a vontade, a necessidade de nos diminuírem? Sim, há homens e homens,
e, há homens que não suportam a ideia de uma mulher ser sua líder, ter melhor salário. Há homens que nos matam, por ciúmes, inveja, raiva, posse. Se somos
nós quem os educamos, seria isso uma forma inconsciente de alguns homens se
livrarem de uma educação repressora, ou, inconscientemente os moldamos “senhores”,
nos colocando na condição de submissa?).
Hoje eu gosto de ser mulher, do prazer que o desafio de ser
ao mesmo tempo forte e fraca carrega. Já
enfrentei batalhas, muitas ainda estão por vir, mas, as enfrentarei como
mulher, sendo mulher.
Gosto de ter varias possibilidades, de saber que posso usar
saia, calça, vestido, bermuda, blusa, camisa, casaco, maquiagem, brincos, pulseiras, anéis, colares, sapatos com salto, sem salto, sapatilha,
chinelo, lenços, esmalte de todas as cores, batons, e colorir o mundo a minha
volta, afinal, o que seria o mundo sem as mulheres?
Observação (imagens do google).
Observação (imagens do google).
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