16 de março de 2013

EM NOME DO PAI?


As pessoas que me conhecem, que convivem comigo sabem que eu sou extremamente teimosa e acética (isso mesmo, processo de fermentação que se resulta no vinagre, rss) para algumas questões e, religião é uma dessas coisas para a qual minha acidez é voltada.
Não sou pessoa de discutir ou interferir nas escolhas religiosas. Trabalho com pessoas evangélicas, católicas, espíritas, tenho amigos que se autodeclaram ateus, mas, falam Graças a Deus para tudo, rss. Enfim, não é a religião ou a religiosidade que me incomoda e sim, as instituições, as pessoas que as comandam.
Eu sei que algumas pessoas, ao lerem o que escreverei, poderão me achar uma aberração (prefiro esse conceito sobre mim que a alienação) mas, isso não irá me impedir de expor o que penso.
Nas últimas semanas várias mídias nos bombardearam com informações sobre “os todos poderosos chefões das igrejas”. Pastores se despontam nas listas dos mais ricos do mundo, o papa, que ao renunciar saiu escoltado por inúmeros carros e “agraciado” com um helicóptero para o levar até sua atual mansão, o novo papa, que para ser “empossado” passara por um ritual riquíssimo e requintado e, para fechar, o deputado pastor, ou, pastor deputado, que, mesmo sendo um homem de “Deus”, é declaradamente racista, homofóbico, preconceituoso.
Tenho vários questionamentos acerca de tudo isso. É realmente necessário tanta pompa, tanto dinheiro para levar até as pessoas algo tão simples que seria a palavra de Deus, que prega amor, humildade, simplicidade, acolhimento, respeito, etc? É, realmente, para Deus que esses homens, que vivem cercados de luxo e poder enquanto milhões de pessoas estão nesse mundo com a alma doente, por falta de afeto, carinho, comida, água, remédio, “trabalham”? Um homem cercado de luxo, mesmo com tanto conhecimento teológico (conhecimento esse que qualquer cidadão de bem pode adquirir, desde que se sinta disposto a debruçar-se sobre alguns livros) consegue, realmente compreender as angústias de um povo já massacrado por inúmeras desgraças? Esses homens estão realmente preocupados com os problemas que afligem a humanidade? Pode, em nome de Deus, cercar-se de dinheiro (que é coisa do diabo, mas, que vira coisa de Deus ao ser entregue na igreja para pagar dízimo) enquanto seu semelhante, por quem esses juram viver, imploram por pedaço de pão? Esses homens descem de seus pedestais e se colocam no lugar de tantas crianças famintas, analfabetas, sem oportunidades até mesmo de se alimentarem (os filhos de alguns pastores estudam com o dinheiro do povo nas melhores universidades do mundo, digo com o dinheiro do povo, uma vez que, esses não trabalham a não ser para “suas” igrejas)?
O mundo está cada vez mais doente. Pessoas não se respeitam. Estamos na era das coisas descartáveis, estamos individualistas, só pensamos em nós próprios e em alguma maneira de nos darmos bem na vida. Consultórios dos terapeutas cada vez mais lotados, pois, não conseguimos mais cuidar de nossas dores. Remédios para depressão sendo vendido como se fosse parte da cesta básica, crianças se matando por causa de conflitos familiares, prostituição, drogas, álcool tomando cada vez mais espaço na vida dos nossos jovens, inclusive no Brasil, um dos países mais cristãos do mundo. Isso não intriga? Se somos um país cristão, se a religião é o norteador das questões ligadas ao amor, ao respeito, a moralidade, ao doar-se ao outro fraternalmente, porque as pessoas estariam tão doentes, não há aí uma contradição, um paradoxo? A igreja não estaria cumprindo seu papel? Não estariam as instituições, também, preocupadas demais em ter em vez de ser e se preocuparem em conduzir dignamente suas ovelhas? 
Eu não sou uma pessoa que acredita no Deus que castiga, que fica sentadinho em um trono apontando o dedo para quem peca ou deixa de pecar, mas, acredito em um ser superior, somos uma máquina muito perfeita para termos sido criados aleatoriamente, mas, para quem acredita no evangelho, para quem crê na passagem de Cristo pela terra, não é estranho que alguns “escolhidos” usem de tanto luxo para falar de amor ao próximo? Jesus pregava a palavra em qualquer lugar, saiu pelo mundo sem carros luxuosos, escolta policial, não carregava nem dinheiro para se alimentar e mesmo assim, mantinha unido seu rebanho, apenas com palavras e bons exemplos, portanto, como justificar a pomposidade em nome de Jesus se nem ele a usava?
Fico a imaginar como é possível alguém pedir a uma pessoa, que mal tem o que comer em casa, um dízimo mensal para cobrir custos pessoais, custos esses que incluem helicópteros, casa no exterior, comidas e roupas caras? Se é em nome de Deus, onde fica, nesse momento, o amor pelo seu semelhante, sabendo que seu luxo pode ser interpretado no outro como barriga vazia?
Em nome de Deus se mata, se rouba. Em nome de Deus se cala, se corrompem, se vendem. Se essa forma de religiosidade é a correta, prefiro abster-me. É indigno pensar que o Deus de amor é esse aí, revestido de luxo, de soberba, prepotência. Prefiro me manter na ignorância da “escuridão” a seguir um caminho de falsa luz.
Eu tenho pena das pessoas mais humildes, que dentro de suas involuntárias ignorâncias não percebem  que o inimigo vem usando Deus, cada vez mais, para os despirem de direitos básicos, que seria a luz que os fariam enxergar o quanto são enganados ao buscarem cura e acalento para suas dores.
Não tenho a pretensão de interferir na vida e nas escolhas de ninguém, é apenas uma reflexão, pois, somos revestidos de direitos, entre esses, o das escolhas religiosas (pelo menos no Brasil é assim).
Mas, não deixarei de dizer que, hoje em dia, a fé dos humildes é moeda rentável.
Observação: o novo papa dispensara a limusine no dia de sua posse, também se curvou diante do povo e pedira a benção desse, em uma linda simbologia de humildade. Será um sinal de mudanças?

NOTA: raramente releio meus textos, mesmo sendo formada em letras o texto pode apresentar erros, rs.
Imagens do Google.

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