15 de agosto de 2012

NÃO ME OLHE TÃO DEPRESSA.


Acho que você me olhou depressa demais. Isso fez você não ver meu sorriso fácil, minhas vitórias, meus medos, deslizes, sonhos, minha dor, minhas cicatrizes (tenho cicatrizes imensas, de amores que se foram, de pedaços de mim que levaram, de momentos que me arrancaram), meus passos, minhas idas e voltas (já estive no fundo do poço, já estive no vale da esperança, já fui no mundo da amargura, fui deitar em braços que me aconchegaram, já estive entrelaçada a pernas que seguiram vários dos meus caminhos, já fui no mundo dos beijos doces).
Ao me olhar rápido demais tu não reparaste em minhas sutilezas, na profundidade do meu olhar.
 No olhar rápido não cabe o sorriso contido na alma, não cabe o olhar oculto do desejo.
Quem olha rápido não vê a chama, não sente o delicado movimento dos sussuros.
Quem olha rápido demais não vê as lutas internas, não percebe o cheiro de brisa nas palavras soltas. Quem olha rápido não percebe o intenso, não nota o imenso.
Como podes me resumir? Eu não me caibo na sua síntese. Sou grande, imensidão de oceano, lago profundo, sou planetas, sou deserto, sou relva, sou selva, sou magia, sou cores fortes, noite e dia. Se me resumes perdes meu cheiro, o meu efêmero, meu eterno. Se me olhastes tão depressa como sabe que não cabes em mim, pois, tu desconheces meus vazios, minha finitude.
Se não tivesse me olhado tão depressa veria que sou uma vastidão sem limites.
Quem me olha depressa apenas me olha, não me vê. 

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