16 de dezembro de 2011

PÓS BARIÁTRICA, GLÓRIAS E INGLÓRIAS.




Havia prometido a vocês falar sobre minha cirurgia bariátrica, falar sobre o passo a passo, mas, comentei que havia feito a cirurgia (comentei até demais), mas, não havia contado ainda como me sinto. Calma, eu estava esperando passar um tempinho, me adaptar a nova realidade, a nova forma de enfrentar o problema para depois, com idéias formadas, falar com vocês.
Não quero que pessoas que estejam se preparando para passar pela cirurgia ou que já passaram por essa me usem como exemplo, critiquem, kk, odeio criticas, sou perfeccionista (arianos raramente se convencem que erram, raramente erram, humm, e são convencidos), etc, pois, o processo cirúrgico, a recuperação, os pós e contras variam (vareiam, usando a linguagem Facebookeis) de pessoa para pessoa (obvio como dois mais dois são 5,kk. Se vocês usam o Face entenderão minha linguagem, ontem, por exemplo, me deparei com fila da puta e vida aleia, assim como me deparo sempre com postagens de um moço de minha cidade que quer ser representante do povo e escreve encinam, concigo. Nada contra quem não teve oportunidade de estudar, mas, se é para me representar me represente direito, talvez assim apareça mais projetos na área da educação, se os representantes não valorizam os estudos, a tendência é o país continuar nessa b…) enfim, voltando do devaneio, kk.
Após sessenta e seis dias da cirurgia, (dia 16 de Dezembro, deixa eu situá-los, vai que pensem que eu escrevi o post ontem), já eliminei mais de vinte e dois quilos (muitos dirão: ahhhhh, que delicia, outros: ahhh, que inveja, mas… não olhem os tombos, olhem a quantidade de pinga, rs), porém, nem tudo são flores e não estou tão feliz quanto muitos pensam que eu deveria estar, a vida não se resume a balanças, não no meu caso.
Nunca tive problemas sérios de saúde, essa idéia de que obesidade é sinônimo de doenças não se aplicava a mim, tinha picos de pressão arterial, meus pais também tem e não são gordos, meus avôs tinham e não eram gordos, tenho problema na tireóide mas, nunca usei isso para “me desculpar” perante a sociedade por ser gorda, isso é apenas uma parte, pequena, do problema que eu atribuo a problemas emocionais. Tinha e tenho uma vida ativa, estudei, trabalhei, amei, desamei, me casei (pula essa parte, kk) vivi. Essa situação, de não viver em função do peso, me ajudou muito no pós operatório. Por ter entrado na meta de perda de peso pré-cirurgia, por ter uma vida ativa, andava muito bem (pobre e sem carro, não tinha escolha, rs), eu tive uma recuperação rápida. Poucos enjôos, não tive vertigens, me adaptei bem a nova realidade, menos ao dreno, uma espécie de bolsa externa que me acompanhou por infindáveis dez dias.
Após a fase do dreno e após a fase de chazinhos claros, gatorade, água de coco, gelatina diet, comecei a parte do leite, dos caldinhos, do iogurte light, (não se deixem enganar, o que promove a perda do peso é a dieta, não a cirurgia, essa, só serve para te barrar psicologicamente, tipo: se comer morre, kk, então, qualquer pessoa que se alimentar de liquidos e sopinhas batidas e coadas por um mês, eliminará dez quilos como eu eliminei, com a vantagem de não ter a morte dormindo do seu lado no pré e no pós operatório, te cutucando, kk), comecei a fase de alimentação pastosa, depois uma dieta leve, com legumes amassados, pedaços muito bem cozidos de carne, pães molhadinhos no leite, bolachas água e sal, queijo (fresco, cottage, ricota), ainda o iogurte light, e todos os diets da praça. Hoje, sessenta e seis dias após a cirurgia já como arroz, papa, pouco feijão, mais o caldo, carnes cozidas, frutas, legumes (não me liberaram ainda a salada de verduras cruas, sniff, tomate sem casca e sem sementes, se quiser).
Falando agora das não flores. No começo, na segunda semana, às vezes, me dava uma neura, vontade de mastigar. O cheiro da carne de porco sendo preparada me dava tendências mortais (a vontade era forte e me deixava irritadíssima), mas, tenho uma família ótima, com muita força de vontade e apoio passei por essa fase. Hoje, o que me deixa irritada é quando preparo uma refeição saborosa e não posso comer como eu comia antes, kk, uma serra (para quem via muito prazer na comida, é uma tortura, é como você estar procurando sair do vicio do cigarro e ver alguém fumando do seu lado, como querer parar de beber, de se drogar e ver o produto ali, na sua frente, sendo oferecido, e você se remoendo entre ser forte ou vacilar).
Outro problema que matam as flores é quando como algo que não cai bem, por exemplo: comer carne e não mastigar direito (é um erro, mas, acontece, principalmente quando você está sem tempo para se alimentar com calma), daí, não tente comer o que iria complementar, tipo: arroz, batata, etc. vai voltar, hoje, por exemplo, fiz uma sopa leve de macarrão (que as nutri não leiam isso) e carne bovina, bem cozida. Comi rápido, na terceira colherada, já era o mínimo do mínimo, não cabe uma concha cheia de comida no meu atual estomago, entalou, começa a doer (pensa quando você engole um pedaço de carne inteiro, não me olhem com essa cara, todo mundo já passou por isso), então, pensou? A sensação é essa, fica uma dor subindo e descendo nos canais que ligam a boca ao estomago, a sorte é que voltar isso fica fácil, é só abaixar a cabeça no sanitário (quando da tempo). Vou poupá-los dos detalhes sórdidos, mas, vômito, após a cirurgia, faz parte da rotina dos operados até nos adaptarmos à nova forma de nos alimentarmos (não estou generalizando, é que conheço inúmeros operados). Esse processo de adaptação é que faz com que tenhamos medo de sair para nos alimentar em publico (festas de fim de ano só em casa, rss).
Estou bem, na maioria dos dias e das horas nem me lembro que passei pela cirurgia. Já voltei para o trabalho, caminho, me divirto (aposto que querem saber de minha vida sexual, aff, vai bem, obrigada, kk), já abaixou seis números das minhas roupas, mas, alguma coisa em mim ainda me recrimina pela cirurgia. A tendência agora é eliminar menos gordura por mês, já que consigo me alimentar bem, então, fica o questionamento, será que compensa tanto risco? Será que eu não teria conseguido o mesmo resultado em uma academia, seguindo uma dieta? Detesto exercícios físicos e ai mora o perigo, usar a cirurgia, que é uma cirurgia muito arriscada, muitos a caracterizam como mutiladora, já que eliminam uma parte do estomago e uma parte do intestino. Outro erro é pensar que nunca mais precisará se policiar com o que come, que uma vez feita a cirurgia que a perda de peso acontecerá gradativamente, eu ainda me preocupo com o que como, pois, como meu estomago não rejeita nada, kkk, minha mente ainda continua mente de pessoa que desconta suas neuras na comida, se eu começar a comer coisas calóricas, mesmo com o estomago absorvendo muito menos do que absorvia antes, eu corro o risco de estacionar, não perder peso, e até ganhá-los, dai me pergunto novamente, valeu a pena?
São questionamentos que nos fazemos, às vezes. Quem está fora do problema pode achar que uma vez operados vamos passar por um processo milagroso, nos olham e ficam maravilhados com o processo de perda de peso, mas, não é um processo fácil. Não é definitivo e não é como solução dos Tabajaras.
No inicio eu disse que não estava tão feliz assim, é que após a cirurgia, depois de passar dias internada, ficar longe da familia, tomar uma anestesia geral, correr riscos sérios de morte (me lembro que na UTI, logo após a cirurgia, eu caia no sono e era despertada pela voz de uma enfermeira dizendo: Luziane, respira, você está se esquecendo de respirar, sua oxigenação está caindo. Isso se repetiu umas dez vezes. Comecei a ficar com medo), comecei a pensar que poderia ter escolhido outro caminho, mas, agora, não tem mais volta. Só posso agradecer a Deus por tudo ter corrido bem, e agradecer aos amigos maravilhosos que tenho que me enviaram mensagens de luz, de apoio, de força.
Porque eu fiz a cirurgia? Essa é uma pergunta que muitas pessoas me fazem, muitas por não acharem que eu não precisava te-la feito por não ter aparência de obesa, rss, eu sou mestre do ilusionismo, mas pesava para caramba, é que minha constituição física, dentro de 1, 74 cm, não deixava aparecer o que a roupa escondia. Voltando, porque eu fiz a cirurgia é uma pergunta que eu também me faço, só posso afirmar que, por mais que eu tenha crescido como pessoa, por mais que eu tenha encontrado respeito, amor, reconhecimento na minha vida, ótimas oportunidades, eu me sentia um peixe fora d’água. Não tem jeito, só quem se sente “diferente” saberá entender o que eu quero expressar. Vale a pena tanto sacrifício? Não sei responder, hoje eu diria que não, me perguntem daqui uns sete meses se faria tudo de novo.



2 comentários:

  1. Lu
    Vc é um gigante questionador em busca de seu caminho....rs
    Dizem que o melhor proveito esta no caminhar e não no chegar...
    Vc caminha de forma sincera para consigo mesma.
    Admiro o seu caminhar.....

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  2. Dizem que crianças são cheias de porques, será que sou uma criança grande? Não consigo não questionar. Quanto a caminhada, sou privilegiada por ter tido acesso aos estudos, a uma boa formação, mas, parece que algo me falta, mas, vou andando, não quero chegar logo, parar de andar e chegar em algum ponto pode significar o fim, prefiro continuar a ver o que tem no caminho, vai que ainda encontro belas paisagens. Só espero conseguir fazer como na musica: caminhando e cantando.

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