8 de julho de 2011

"MARCHA CONTRA A HIPOCRISIA"


Eu sou uma pessoa que tem poucos defeitos (e muita, mas, muita modéstia. Tanto que uma amiga me perguntou quantas vezes eu havia entrado na fila do convencimento, ao que eu respondi: só uma. Assim que Deus resolveu que eu viveria ele disse: essa será concebida a minha imagem e semelhança. Explica né?  Brincadeira). Voltando ao assunto. Eu sou uma pessoa com defeitos (poucos, claro) e qualidades (espera eu inumá-las, 1, 2, 3, 100, calma, já estou acabando, 1001, rss). Entre essa multiplicidade de qualidades tenho uma que é imprescindível para trabalhar onde trabalho que é a paciência. Para quem trabalha com pessoas, com problemas sociais, culturais, religiosos, conjugais, trepais "filhais" drogais, rsss, etc como eu trabalho, paciência deixa de ser um adjetivo para se transformar em ferramenta de trabalho e, confesso, eu a tenho, porém, tudo tem limite, inclusive o poço fundo de paciência que eu tenho.

Vou contar um segredo, mas um segredo que eu quero que vocês espalhem (não que eu ache vocês fofoqueiros, longe disso, rss), é que é um segredo bonito de se espalhar. Chega perto. O que temos de mais difícil para vencer no serviço que eu exerço é a HIPOCRISIA. 

Confesso, eu não tenho saco para aturar hipocrisia e, o pior, é que quanto menos eu a tolero mais as pessoas "hipocrisam" perto de mim achando que sou uma pessoa que engole qualquer sapo (sem maionese tártaro? Jamais). 

Vou parar de gracinhas e ir ao ponto.

Um dos nossos maiores obstáculos dentro da área que eu atuo é inserir adolescente “problemático” ou em conflito com a lei dentro das salas de aula (aqui cabem inúmeros fatores, porém, não vou listá-los porque vocês são inteligentes e saberão o porquê depois que eu concluir).

Cabe uma ressalva, se o adolescente está tendo problemas com a lei é porque todas as instâncias que deveriam apoiá-lo desde a infância, jogo aqui 90% de responsabilidade para os pais/responsáveis, falharam dentro de suas atribuições. Isso vocês sabem. Vocês sabem também que todo indivíduo está revestido de passado e presente. Todo ser humano está inserido em um contexto, ele não é um pontinho amarelo no vaso sanitário. Todas as pessoas dotadas de um mínimo que seja de raciocínio sabem disso. Eu sei, tu sabes, ele sabe…Porém, meus queridos, se o adolescente problemático/infrator for o filho do vizinho, pobre, negro, "descamisado" diferenciado, o bicho pega, eu finjo que ele não é ser humano e começo a cometer pequenas atrocidades para colocá-lo a margem da sociedade .

 Eu faço questão de não saber da história de vida dele, não me diz respeito, não me interessa, afinal esse tipo de coisa, infrações, nunca acontecerá com minha família, com meus filhos, isso só acontece na família dos outros, na minha família não, a minha família é perfeita. Então, marchemos em prol do linchamento moral dessas crianças/adolescentes.

Daqui sinto o cheiro de hipocrisia.
Acho e sempre afirmo aqui que cada pessoa pensa do jeito que quer. É um direito à liberdade de expressão. O que eu não quero é que fiquem tentando me convencer que ao fechar a porta de uma escola, pública, para um problema com o qual não sabem lidar, estão fazendo um bem para a sociedade, afinal, o adolescente nem gosta mesmo de estudar. E você nem está a fim mesmo de fazê-lo mudar de idéia. É direito seu pensar assim. Só não tentem me convencer que dariam o mesmo conselho para seus filhos (as).

 Ah, mas seus filhos são diferentes né? Possuem pedigree, esses sim tem direito a escolarização, boas oportunidades na vida. Estamos falando de filhos de pessoas diferenciadas.  

Não tentem me convencer que vocês são pessoas compreensivas. Não está vendo que ele (traduzindo: adolescente em conflito com a lei) tem o direito de querer não ir para a escola. O seu filho também tem. Se amanhã (amanhã não que é férias) ele falar na sua cara que ele não quer estudar, que conselho você daria? Diria para ele ficar estatelado no sofá assistindo TV Globinho? Duvido. Como dizem os antigos, pimenta no dos outros é refresco.
Puxa a ponta do tapete aí, vamos esconder os marginalizados.
Negue o conhecimento a eles e a única alternativa que terão será permanecerem na “bandidagem”. 
Não sou "simplista" e tenho noção da realidade e da complexidade do assunto. Também sou a favor de que se pague pelos erros que se comete, só não gosto que usem meias palavras para proferirem meias verdades. É isso que estou discutindo. O que faz não aceitarem adolescentes "problemáticos" em sala de aula não é e nunca será a caridade (caridade em fazer um favor ao coitadinho, ele não gosta de estudar, vai forçá-lo, isso é cruel).

Hipocrisia nesse caso tem até nome: bônus. Comecem a inventar outra história que essa não me convenceu. Tenho pena sabiam? Não dos meninos da margem, mas sim das pessoas “paradoxais”.  Eu entendo as entrelinhas.
Pronto, falei.
Antes do bye, bye, me respondam: como se resolvem os conflitos na escola do seu filho (a)?




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