Hoje lendo um artigo no site da Revista Época comecei a questionar com meus botões (botões da blusa, dãa).
O artigo é uma entrevista, uma espécie de enquete, em que os leitores da revista fazem perguntas ao polêmico Deputado Federal Jair Bolsonaro, conhecido por suas falas homofóbicas ( entrevista).
Por questões obvias tem muita coisa na entrevista, que é longa, porém, interessante, que eu não concordo, porém, se vocês se dispuserem a ler vocês verão que em muitos pontos ele tem razão e, em 98% do que ele fala, milhões de brasileiros concordam, inclusive você e eu, a diferença é que não temos coragem nem imunidade parlamentar para dizer o que ele diz abertamente.
Um ponto que o deputado defende e eu concordo é que não podemos aceitar uma lei específica para uma minoria. Ok, então podem matar, espancar pessoas por sua opção sexual? Não é esse o ponto. O que eu acho é que a legislação já protege a todos, o que precisamos é cobrar que a lei seja aplicada.
Eu, por exemplo, não concordo em ter que entrar na justiça para que uma pessoa não me chame de macaca. Não concordo em ter que recorrer a Lei Maria da Penha para me defender porque eu sou mulher, também não concordo com as cotas de estudos para negros (precisamos de boas escolas porque todos pagamos impostos, se me privilegiam com a cota, eu excluo o meu colega branco, conseqüentemente para me incluir o excluímos, se você achar que ele terá mais oportunidade porque ele é branco, o preconceito permanece enraizado. Isso é igualdade?). Todos nós, por meio da Constituição e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos já somos revestidos por direitos à igualdade, ao respeito, à dignidade, etc. indiferente de raça, cor, religião (entendo que aí já estão incluídos meus direitos individuais independente de eu ser negra, mulher). Partindo desse dispositivo legal, entendo que não seria necessário outras leis complementares, a Constituição é a lei máxima de um país, o que deveria é se fazer cumprir a lei. Outra coisa que poderia ser feito era educar o povo para se respeitar as diferenças, é fazer o povo entender que indiferente de eu ser negra, ser homo, ser portadora de uma necessidade especial, ser mulher, ser criança, eu sou individuo merecedor de direitos, esses estão lá, declarados nas leis dos direitos humanos.
Quando fazemos leis para um grupo específico, como, por exemplo, do negro, da criança, do idoso, do homo, o estamos diferenciando da categoria que a Constituição o incluiu, daí eu não sou mais parte da igualdade, eu sou privilegiada, mas a Constituição não fala de igualdade?
Além disso, o que deveria haver é uma lei específica para hipocrisia.
Somos preconceituosos sim senhor.
Todos falam que amam e respeitam os gays. Amamos os gays, desde que esse gay não seja da nossa família. Quando se há debates sobre a legalidade de um casal homo adotar uma criança todos concordam. Concordam porque concordam ou concordam para não parecerem caretas diante da situação? Daqui eu vejo você olhando para os lados para ver se não tem ninguém por perto para que você possa concordar.
Falamos para nossos filhos respeitarem as pessoas, todas as pessoas, mas, se há uma criança diferente (mal comportada, filha (o) de alcoolistas, drogaditos, prostitutas, criança portadora de necessidades especiais, sujinha, mal vestida etc,) na mesma sala de aula do meu filho eu torço o nariz, e, recomendo: não fica perto do fulano (a) que ele é má companhia (entendo o instinto de proteção, mas, se for esse seu ponto de vista não ensine para a criança que somos todos iguais, você estará criando um paradoxo. A criança irá pensar: se somos todos iguais porque não me querem perto do fulano (a)? Ela não é igual? Então, use a franqueza, use a verdade).
Olhamos torto para nordestinos, gordos, magros, altos, baixos, punks, emos, negros, índios, evangélicos, argentinos, paraguaios, muçulmanos. Não respeitamos portadores de deficiência, idosos, crianças. Somos bairristas, elitistas, racistas, homofóbicos e, o pior de tudo, somos muito, muito hipócritas.
Eu minto? Atire a primeira pedra.
"A única superioridade que devemos perseguir, com ardor, é a superioridade moral"
Nenhum comentário:
Postar um comentário
OPINEM.