Uma situação pela qual passei no mês de abril, eu passei por um grande susto, me fez refletir em algumas situações do dia a dia e cheguei à conclusão que o sinônimo da palavra poder é insanidade. Não existe poder, muito menos pessoas poderosas, não nesse plano terreno. Não temos controle de absolutamente nada.
Estava em um hospital da região, já pronta para vir para casa, estava apenas aguardando que chegasse até o carro em que eu viria, um paciente, quando eu comecei a ter vertigens. Eu comentei com uma adolescente que estava de frente comigo, eu estava sentada dentro de uma perua, com as pernas para fora, apoiadas no chão (minha sorte, pois isso amorteceu o impacto, kkk) que eu estava passando mal, mas, a garota não percebeu o quanto eu estava passando mal. Por alguns momentos minha vida se apagou, eu só me lembro de acordar já no chão, procurando compreender quem eram as pessoas que estavam a minha volta e onde era o lugar onde eu estava (só quem já sofreu um desmaio ou passou por algum problema que fez com que perdesse a consciência conseguirá entender o que eu falo).
Não sei dizer por quanto tempo fiquei fora de mim, mas não deve ter sido mais que dois ou três minutos porque o motorista é preparado para lidar com situações de emergência, uma vez que ele é motorista de ambulância, transporta paciente o tempo todo, e ele não estava, ainda, procurando me socorrer quando eu acordei o que me faz crer que me distanciei de mim por pouco tempo (ahhhhhh, não perguntei ainda para o motorista sobre esse tempo de espera primeiro porque, após o incidente, eu fui levada para o pronto socorro, eu me machuquei seriamente na cabeça e segundo que, após o incidente, eu ainda não o encontrei), mas foi o tempo suficiente para eu ficar assustada. Por alguns minutos eu perdi completamente o controle de minha vida, esses minutos não existem em minha memória, eu literalmente me apaguei, morri.
Esse episódio me fez mensurar o quanto o ser humano é vulnerável, o quanto somos nada.
Lembro que em uma conversa com um amigo eu disse estar preocupada com o rumo de minha vida. Disse que andava pensativa porque havia terminado com sacrifícios a faculdade, que já havia passado dos trinta anos (curiosos, rsss) e ainda não sabia que rumo tomar em relação a minha vida profissional. Que eu não havia ainda construído nada concreto, minha casa estava inacabada, não havia conseguido ainda comprar um carro, não sabia se queria ser professora, apesar de ter me formado para isso etc. ao que ele respondeu: não construir nada é relativo, não construiu o que, coisas materiais, essas se constroem porque, para que? Se preocupe em ser feliz.
A resposta dele nunca me havia feito tanto sentido como naquele momento em que eu voltei a mim, para mim. Se eu não tivesse voltado à consciência naquele momento, minha vida havia se findado eu tendo ou não construído alguma coisa. Eu não teria, mesmo com muito dinheiro, ter parado os acontecimentos. Não temos controle sobre o agora, o daqui a pouco, o daqui, daqui a pouco. Somos um bando de tolos capazes de trabalhar horas a fio para construir um poder que achamos que podemos ter sobre controle, mas não temos.
Após o incidente, fui levada para um pronto socorro abarrotado, fui medicada, e me instruíram a ficar no hospital para observação, ao que eu desobedeci prontamente, convicta que eu queria a minha família. O motorista, mesmo a contragosto, por ele eu teria ficado lá em observação já que a queda havia machucado bastante minha cabeça e meu rosto, me trouxe para a segurança de minha casa, e nesse momento para mim não interessava se minha casa era linda, maravilhosa, eu queria a minha família. Fiquei com medo danado de morrer e nunca mais ver meus sobrinhos (são o que eu tenho de mais importante na vida, mais que a mim mesma.), me deu uma certeza danada que tudo é ilusão.
Todos os dias tem alguém passando por cima dos sentimentos alheios, matando, roubando, enganando, em busca do tal poder que acham ser a coisa mais importante da vida. Tudo em vão. Se o seu tempo estiver determinado, de nada adiantará seu poder. Com ou sem ele você irá, e para onde você irá (acho que eu iria para o céu, kk) ele é completamente desnecessário.
Fico imaginando porque as pessoas não se dão conta disso, da fragilidade que é a vida, da inutilidade que é a corrida pelo poder.
Trabalhamos em excesso, amamos de menos, encontramos raramente as pessoas que amamos, porque estamos preocupados demais em construir, em ganhar dinheiro porque eu tenho que comprar o carro do ano, a decoração de minha casa precisa ser assinada por fulana (o), preciso de jóias e sapatos caros, preciso ser promovida a presidente da empresa (eu sou presidente do conselho tutelar e continuo pobre, kkk), não posso ir brincar com o meu filho porque eu preciso trabalhar para comprar o I que ele pediu (Ipod, Iphone, Ipad, aí não da tempo de amá-lo, aí fode, kkk). Um dia você descobrirá que isso não vai te levar para o céu. Talvez você já saiba disso, mas com você as coisas ruins e inesperadas não acontecem. Eu também achava isso.
Por estar me preparando para uma cirurgia eu passei por uma bateria de exames, inclusive eletrocardiograma, teste de função pulmonar, hemograma completo, ultrassom, etc., tudo em perfeita ordem, o que me deixava segura, mas, não temos controle do daqui a pouco.
Não adianta achar que temos superpoderes, que somos imunes, que vamos construir, construir, construir e isso nos fará melhores que os outros.
Não sou pessimista e nem quero assustá-los. Nem é um incite a sentarmos, com a boca escancarada e cheia de dentes para esperar a morte chegar, já que nada pode ser feito para evitá-la. Apenas um convite para ver o por do sol, ouvir aquela musica que você tanto gosta, ir beijar aquela pessoa especial como se fosse a ultima vez, abraçar as pessoas que você ama como se fosse a ultima vez, mas, se não for a ultima vez, abrace de novo, e de novo e de novo. Sorria quando as pessoas sorrirem para você, ajude, coopere, faça-se útil. Ame, deixe-se amar. Viva simplesmente, porque além de não levarmos nada dessa vida, poderemos perder a chance de vivê-la por completo, enquanto aqui estivermos, por estarmos muito preocupados em construir castelos, de areia.

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