BRASIL, UM PAÍS DE TODOS.

Ao ler uma reportagem hoje eu comecei a refletir na frase: Brasil, um país de todos.

Adriele Camacho, uma garota de 16 anos, moradora da cidade de Cassilândia, Mato Grosso do Sul, foi assassinada, com requinte de crueldade (após ser atraída para a morte, esfaqueada, fora enterrada de cabeça para baixo), por ser apaixonada por outra garota, isso no país de todos

.http://cassilandia.tv/2011/04/domingo-espetacular-garota-e-assassinada-pelo-irmao-da-namorada/

Sempre falo dos meus sobrinhos, como não tenho filhos (por opção viu gente, na verdade eu me casei para ter marido só, por motivos que não cabem aqui revelar, kkkk) e fico imaginando como será quando eles descobrirem que o país de todos na verdade não é de todos.

Eles não poderão ser gays, se forem (serão amados do mesmo jeito pela família porque são pessoinhas maravilhosas que vão sempre ter um lugar no nosso coração) terão que se esconder da maioria das pessoas para não correrem o risco de serem assassinados porque no país de todos, onde pregam que todos os povos vivem em perfeita harmonia, a intolerância vem antes do amor e do respeito ao próximo, apesar de poucos admitirem isso. Terão que esperar que os políticos decidam se eles poderão dividir com alguém do mesmo sexo os bens que adquirirem com o próprio suor.

Nasceram negros, (apesar de que são meio amarelos e ainda não terem noção de raça e desigualdade racial, não estão nem ai com a batata, kkk). Por esse motivo, se quiserem se destacar no país de todos, terão que ralar muito, e mesmo assim correrão o risco de nunca serem considerados bons o suficiente para se destacarem no mercado de trabalho, isso se não tiverem que aceitar um estudo merreca e depois, para justificarem o ensino merreca, uma bolsa de estudos, que vem embutida nos impostos e já poderiam ser deles por direito, rotulada por ser cota (uma maneira velada de dizerem que somos intelectualmente desfavorecidos e que se não forem pelas cotas, que insistem em dizer que é uma maneira de ressarcir nosso povo da crueldade da escravidão, não teremos acesso a estudo de qualidade. Nem nós e nem outros que estudarem nessas escolas de “ponta” que insistem em usar giz, lousa e língua no século da tecnologia.)

Um deles está gordinho. Mal sabe ele que isso será mais um agravante na bela história de vida que ainda está recheada de inocência.

 No país de todos, onde 48% da população está obesa e uma consulta com um endocrinologista no Hospital Estadual de Bauru é agendada de ano em ano (ninguém faz uma política de saúde realmente séria para ajudar no combate ao problema porque o gordo trás riqueza para grandes empresas farmacêuticas. Óiam os exemplos: sertralina, anfetamina, ração humana, merda enlatada, tudo isso traz lucros para as empresas, porque se preocupariam em levar a sério o problema? Isso fora os lights, diets, mágicos, ciganos, papai Noel, histórias para boi dormir. Se você está gordo, seus problemas acabaram, tomem dois comprimidos de hipocrisia, mentiras e engana trouxa diariamente que perderás 50 kg em um dia) ser gordo é pecado capital, é você não ter vergonha na cara (tem político magro né, kkk?) , não ter amor próprio, força de vontade, é você ser olhado com pena, etc. Trabalhar no meu lugar ninguém quer? Se eu disser fodam-se, depois de todos esses elogios que eu ouço, até de “amigos”, eu é que sou a mal educada. Se você nascer gordo no país de todos, você será tratado como “anormal”, por mais que você for inteligente (hummmmm), agradável, bonito, bem sucedido, diplomado. No país de todos você tem por obrigação ser tudo, para satisfazer a vida dos outros. Assim como nos países europeus e nos EUA, considerado atualmente o país mais “pesado do planeta”, no país de todos você só pode ser gordo para passar nas pegadinhas do Faustão aos domingos, um ex gordo tão preconceituoso com gordo quanto poderia ser Hitler em relação aos judeus (eu viajei na maionese né, aqui é o país de todos e todos se gabam disso).

No país de todos declarar-se evangélico é motivo para perderes vagas de empregos, ou ser motivo de “chacota”. Será zuado porque você não usa jeans, se você não beber nem um tiquinho, pronto, tá lascado, alías quem não bebe e não mete (ooooooooops, quem não bebe e não mente, não é filho de boa gente).

No país de todos também não pode ser muito honesto, isso é coisa de tonto.

Não pode nascer no Norte, nem no Nordeste do país de todos, apesar dessas regiões fazerem parte do território do país de todos. Se você tiver a “infelicidade” de nascer em um desses estados, você, por favor, faça curso intensivo em uma fono porque você precisa aprender a esconder seu sotaque. Se você disser ÓCHENTE, MÃINHA, ÓH PAI ÓH, CABRA DA PESTE etc, na Avenida Paulista, você pode ser brutalmente assassinado. Você pode me perguntar, ué, mas não é o país de todos? Não é aqui que dizem que todos os povos, raças, religiões, etc, vivem na santa paz?

Vocês podem estar se perguntando por que tanta revolta. Não é revolta, eu lhes agarantio, kkk, é apenas uma reflexão em voz alta. Vocês que são curiosos e ficam ouvindo o pensamento alheio.

São mais de 16 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. Isso pode significar milhões de crianças sem ter tido a oportunidade de hoje comer um pedaço de pão. Mas como assim se o Brasil é o país de todos?

No país de todos pobre não pode ficar doente. Nem vou entrar em detalhes.

Citei apenas alguns exemplos, aqueles dos quais tenho conhecimento de causa. Quanta podridão e hipocrisia não têm por debaixo do tapete verde do Brasil, o país de todos?

Se o Brasil fosse o país de todos, aqui imperaria o respeito ao próximo, o respeito pelo ser humano, pela condição humana. Se fosse o país de todos eu não precisaria recorrer a justiça para alguém não me chamar pejorativamente de negra, querendo me fazer sentir menor por causa de minha cor (nem se quisessem conseguiriam, não sou o tipo de mulher fácil de se diminuir, kkk , que o diga a equipe de Rubião, kk) .

Enfim, vamos compartilhar as idéias que vocês tem do país de todos?

(essa iniciativa contra a homofobia é legal: http://blogay.folha.blog.uol.com.br/arch2011-05-01_2011-05-07.html#2011_05-05_00_23_08-159984795-0)