Às vezes presto atenção em várias postagens nas redes
sociais que falam de forma degradante das mulheres e, por mais estranho que
seja, essas são postadas por mulheres, as mesmas que fazem protestos acalorados
por igualdade de direitos, que ficam gritando nas redes contra funkeiros, por
acharem que as letras de funk denigrem a imagem da mulher.
Vejo postagem de adolescentes, mulheres maduras chamando
outra de vadia, biscate, vagabunda, piranha etc. tudo normal, quando parte de
você o xingamento.
Eu queria entender o que faz uma mulher apelidar de forma
degradante a outra usando palavras que remetem a "liberdade" sexual. Não somos
nós que nos gabamos por termos queimado sutiã em praça pública e conseguimos a
tão sonhada pílula anticoncepcional? Para que, se não podemos usar nosso corpo
da forma que achamos correta, da forma que desejamos?
O que faz uma mulher ganhar o apelido de piranha, vagaba,
vadia? Ela sair com vários homens? Ela usar de seu direito de transar com quem
e com quantos ela quiser? O quanto de homem com quem você faz ou fez sexo muda
a forma de você ser?No discurso, se fosse proferido por um homem, esse diria que sim, mostraria teses infundadas, pois, todas teriam o mesmo objetivo, mostrar que eles não aceitam que sua “mulher” possa ter tido homens mais gostosos que eles e os compararem, ou, serem trocados por um mais avantajado, mas, qual seria a justificativa de uma mulher para denegrir a outra? Mostrar-se melhor perante os olhos dos “seus homens”, que muitas querem e preferem que sejam donos, mostrar-se melhor perante a sociedade? Mas, não seria contraditório nós, que lutamos por respeito e igualdade colocarmos nossas semelhantes em situação vexatória simplesmente porque ela faz uso do que o Direito proporcionara, os direitos das mulheres de fazer de seu corpo o que bem entende?
As pessoas que defendem o direito da mulher a praticar o
aborto usam como sustentação a tese de que a mulher tem o direito de escolher o
que fazer com seu corpo, partindo desse pressuposto é mais grave sair dando por
ai do que abortar? Se ela sai com vários, não estaria essa fazendo uso do mesmo direito que lhe foi
dado, o de usar seu corpo como bem entender? Não defendo o aborto e tão pouco
estou interessada nas questões que levam uma pessoa a abortar ou não, fiz
apenas uma comparação. Se eu posso usar do meu direito para uma decisão que
implicaria a vida de outra pessoa, porque não posso usar de forma livre esse
mesmo direito quanto ele afetaria exclusivamente a mim? Qual o motivo de
pessoas se incomodarem tanto com o que eu faço ou deixo de fazer com meu corpo?
Outra questão incompreensível é uma mulher ofender a outra,
usando as questões sexuais quando se sente ameaçada. Sempre parte para o ataque
tentando usar a “má fama”. A outra não presta, da para todo mundo, uma vadia,
uma vaca, rampeira, trepadeira, etc. primeiro: por mais que uma mulher seja
tudo isso perante os olhos da outra, se o homem não quiser ele não fica com a
outra. Segundo: se sexo é uma das grandes perdições do homem, rs, ao relatar a
competência da rival (sim, quando você fala que a outra é biscate, profissa,
vagabunda, vadia, você está falando para seu macho que a outra é puro sexo e
você é para casar, eu, se fosse você, não apostaria qual das duas fariam o pau
dele acordar, rs), você está se subestimando, mostrando que outra a ameaça por
você não ter os mesmos dotes.
É muita hipocrisia. Hoje em dia eu pago para ver mulher
coitadinha, que quer ir virgem para o altar porque sabe que a espera pode fazer
o moço procurar diversão em outros corpos, então, se revestem de coitadas e, as
outras são vadias, no fundo você sendo ou querendo ser tanto quanto.
Se lutamos por igualdade e achamos o fim do mundo quando
alguma letra de música, ou algum grupo específico fere nossos direitos, porque
achamos no direito de ferir o direito da outra, simplesmente por termos forma diferentes
de ver e usar a vida?
Por que achamos que temos o direito de difamar a outra
pessoa só porque a forma dela viver nos incomoda? Alias, em que afeta a sua vida
a fulana sair para dar para o sicrano e para o beltrano? Cuidado, pode ser
recalque, rs.
Não defendo promiscuidade (isso também seria uma escolha), apenas acho estranho que nós,
mulheres, que saímos as ruas nas marchas das vadias, em protesto contra um
policial do Canadá, que sugeriu que devemos por roupas comportadas e nos dar ao
respeito para não sermos estupradas, como se o fato de eu estar com uma roupa
curta fosse farol de avance para pessoas brutas me tocarem sem meu
consentimento, achamos no direito de rotular a outra porque ela vive um de
seus direitos, o de fazer “bom”uso de algo que é seu, o seu corpo.
Se eu ficasse falando como você deveria se portar, se tivesse um manual de instrução de
quantas vezes você deveria dar para ser considerada uma mulher de respeito,
você iria se submeter ou rebelar? Muita gente infringiria a Lei. Hipocrisia
fede. Tem muita “vadia” disfarçada por ai apontando o dedo para a vizinha.
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