13 de junho de 2013

VOU MORAR NA RUA.

Ao participar de uma reunião na ultima quarta-feira eu fui jogada dentro de um turbilhão de pensamentos (quem me conhece sabe que não há novidade nenhuma na questão do turbilhão em mim, rss).
O tema abordado na reunião era sobre os moradores de rua. Apesar de eu trabalhar em contato constante com muitas situações que ocorrem na cidade eu desconhecia a extensão e a complexidade do problema. Há uma equipe já intervindo no problema e, como conheço a equipe sei que essa fará tudo o que estiver ao alcance em busca de uma solução, o que me trouxe para dentro do turbilhão foi a fala de um dos profissionais da equipe. Esse disse que algumas das pessoas que estão em situação de rua em nossa cidade querem estar nesta situação, ou seja, alguns deles escolheram ficar morando pelas ruas/praças da cidade. Segundo fala de pessoas da equipe um dos integrantes do grupo, que, viera de uma cidade vizinha, possui renda de uma casa que esse possui e está alugada, além de ter um beneficio por estar com problemas de saúde, uma renda que ultrapassa R$1.200, 00.
Essas informações me remeteram a alguns questionamentos e o primeiro deles que viera a minha mente foi: o que faz uma pessoa escolher morar na rua?
Estamos acostumados, condicionados ao capitalismo e, não pude deixar de pensar em como essas pessoas conseguem viver/sobreviver sem o conforto de uma casa, sem a “sensação de segurança” que quatro paredes nos proporcionam? Como se vive sem TV? Como viver sem computador, internet? Essas são as primeiras coisas que nós, pessoas “normais” pensamos conforme vamos acompanhando a explanação do problema.
Sei que existem inúmeras questões envolvidas dentro da situação: conflitos familiares, drogadição, depressão, perda de sentido da vida, perda de identidade social, etc. as causas que levam algumas pessoas a condição que exponho, de rua, são várias e quem sou eu para discutir, só quero expor aqui como algumas situações ainda nos incomodam.
Sei que inúmeras pessoas se encontram residindo nas ruas, becos sem saída, viadutos da vida a mercê da fome, da violência, do abuso, do desprezo, do frio, do calor, da falta de banho, o que faz com que os desejamos cada vez mais longe de nós, por não terem outra alternativa, porque, por algum motivo, e, esses nunca positivos, os afastaram de seus lares, mas, não havia pensado ainda na situação de pessoas que escolhem isso para si, escolhem dormir ao relento, serem desprezados, marginalizados, humilhados, escolhem o frio, a fome, o céu como cobertura. Como pode alguém, em sã consciência, e, aqui, meu lado consumista, capitalista tende a achar que essas pessoas não possuem a consciência sã, viver por ai, assim, sem um lugar para retornar no fim do dia, sem um chuveiro para tomar um banho quentinho, sem a certeza que terá o pão na mesa, sem o conforto de uma coberta, sem o cheiro da comida da mãe, avó, esposa, filha etc?
Nós, que construímos sonhos alicerçados no dinheiro, no conforto material e, dentro desse material está incluído casa bonita, confortável, bem mobiliada, carro zero na garagem jamais pensa que alguém pode querer, livremente, estar por ai, assim, sem nenhuma pretensão de crescimento financeiro, ostentação.
Ainda não consegui entender que essa situação possa ser escolha, estou a procurar alguma explicação, seja psicológica, emocional, que levara essas pessoas para o mundo ali fora.
É difícil compreender que a pessoa não quer um telhado sobre sua cabeça. Também é difícil compreender porque essas pessoas não querem o que todos querem.
 Talvez seja isso, o não envergar-se ao igual que tanto me incomoda.

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